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Alta de mais de 14% do petróleo puxa commodities agrícolas, açúcar lidera altas

Os efeitos da disparada dos preços do petróleo nesta segunda-feira (16), após os ataques à instalações petroleiras na Arábia Saudita, se estenderam por todo o mercado financeiro, especialmente as commodities. Sobem as energéticas, metálicas e agrícolas diante dos preços mais altos neste início de semana. 

 

No final da tarde desta segunda, os preços do Brent, subiam mais de 14%, com o barril valendo US$ 68,68, enquanto em Nova York, as altas passavam de 13%, para levar o barril a US$ 62,23. 


No mesmo momento, os futuros do gás natural e da prata tinham mais de 2% de avanço e ouro, 0,70%. Entre as commodities agrícolas, os ganhos também são consideráveis. 


Na Bolsa de Chicago, quem lidera o avanço é o milho, que fechou o dia com quase 2% de alta, seguido pelo trigo, com ganhos superiores a 1%. Na soja, os preços subiam de forma um pouco mais tímida, com ganhos de pouco mais de 0,10%. Ainda na CBOT, subiram também os preços do óleo de soja, produto que pode ser um dos mais afetados, assim como o milho, pela produção de etanol, dada a correlação entre os combustíveis.


"Os preços do petróleo explodiram, subindo até 10% na Ásia e podem afetar também os preços de óleo de soja e milho (etanol e biodiesel)", explica Steve Cachia, consultor da Agro Culte e da Cerealpar.


Já na Bolsa de Nova York, quem liderou a escalada de preços são os futuros do açúcar, terminando o dia com ganhos de mais de 2% no pregão desta segunda-feira. Entre os preços do café arábica, nesta primeira sessão da semana, os preços tiveram altas de mais de 1%, acompanhando os ganhos generalizados das commodities agrícolas.


Diante de toda essa movimentação, o que todos se perguntam neste momento é quais são os reais impactos deste movimento do petróleo - que registra seus maiores movimentos de alta desde a guerra do Golfo, em 1991 - quais os impactos para o agronegócio e quanto tempo vão durar. A resposta dos especialistas é bem direta neste momento. 


"Ainda é cedo para dizer. O mercado está sinalizando uma reversão de futuros, mas ainda é cedo para dizer e entender como isto será absorvido. Pouco se sabe do que aconteceu, as informações ainda são muito rasas", explica Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. 


E Vieria completa dizendo que acredita que essas primeiras reções podem, de fato, ser parte de uma 'euforia' momentânea para um mercado que ainda busca entender o que houve, e isso vale para as commodities de uma forma geral, o financeiro e o câmbio. "Os mercados já se mostram um pouco mais aliviados, e agora temos que acompanhar", completa. 


Para Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora, a análise é semelhante."É óbvio que isso tudo cria uma grande tensão, mas acredito ser um momento passageiro. Isso que acontece no petróleo é bastante positivo para as commodities, observando esse fato isoladamente, mas há muitos outros componentes formadores de preços nas commodities agrícolas, especialmente na soja", explica. 


No entanto, reafirma que "não sabemos por quanto tempo isso vai durar". MOtter diz que é preciso saber que o primeiro impacto é essa interrupção no fornecimento, enquanto a demanda segue forte, e que o segundo pode ser uma intervenção militar, o que poderia, ao ser efetivada, mudar o rumo atual dos cenários. "Mas há um intenso monitoramento sobre tudo isto", conclui. 


Mais do que isso, o analista explica ainda que os futuros do petróleo já vinham em uma trajetória de baixa, de preços em queda expressiva, o que faz o mercado se agarrar a qualquer informação que possa ser positiva para as cotações para aproveitar o momento. 


Especialistas ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg afirmam que "o intenso efeito das altas do petróleo em ações e moedas que hoje está dominando as conversas no mercado pode ser bem mais limitado do que essa forte alta das commdities está indicando". Mais do que isso, os analistas internacionais lembram ainda que os ataques aconteceram no início de uma semana já cheia para o mercado financeiro, quando serão conhecidas novas medidas a serem tomadas pelo Federal Reserve (FED, o banco central norte-americanos). A tradicional reunião de dois dias da institução começa nesta tera-feira, 17 de setembro e as informações que de lá vierem também podem mexer com o mercado. 


Mais do que isso, a guerra comercial entre China e Estados Unidos continua. Mesmo com a retórica mais suave sendo utilizada pelos dois países nas últimas semanas - o que inclusive ajudou a trazer importantes altas para os preços da soja na Bolsa de Chicago diante das especulações de que os chineses podem voltar efetivamente ao mercado norte-americano - o conflito persiste e também provoca muita inconsistência no mercado financeiro global. 


Entre os investidores do setor energético, é cedo não só para análises, mas, principalmente, para a tomada de decisões. Para muitos, trata-se apenas de um momento de 'alívio momentâneo' para este mercado. As próximas notícias serão responsáveis, portanto, pelo direcionamento dos mercados a partir de agora. 


"Os EUA já colocaram firmemente a culpa pelos ataques ao Irã e, se a situação se intensificar ainda mais nesse nível, poderemos ver muito mais interrupções no petróleo e nos mercados globais em geral nos próximos dias e semanas", disse à Bloomberg o especialista internacional Nick Twidale. 


Nesta segunda-feira, o secretário-geral da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Mohammad Barkindo deu uma entrevista à Bloomberg dizendo que, por enquanto, a instituição não pretende convocar uma reunião de emergência, mas que segue em seu monitoramento ostensivo do caso. Afirmou ainda que os ataques tiveram resultados piores do que se imaginava inicialmente, mas que a situação foi controlada. 


Mais do que isso, para Barkindo, a disparada forte dos preços do petróleo neste início de semana, logo na sequência, foi apenas uma 'reação inicial' das cotações, porém, sem força para configurar um movimento permanente. 


As imagens acima, da agência Associated Press, são aéreas do local depois dos bombardeios. Os pontos destacados pelos retângulos vermelhos mostram os locais afetados, sendo 17 pontos-chave tendo sido duramente comprometidos. 


Fonte: Notícias Agrícolas


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