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Especial: Fabricantes de massas e biscoitos buscam absorver alta do custo sem repasse a produto

Mesmo surfando na onda de crescimento das vendas de massas, biscoitos, pães e bolos industrializados, as fabricantes do setor enfrentam um impasse na administração das suas receitas: a dificuldade de reajuste de preço em meio a um cenário de recessão econômica. No momento, a pergunta-chave do setor é como repassar a alta dos custos para os produtos sem perder volume de vendas?

A desvalorização do dólar ante o real e a entressafra na produção nacional do trigo levou ao aumento de cerca de 50% no custo da farinha de trigo - principal matéria-prima da indústria de pães, massas e biscoitos, estima a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). "Os fabricantes enfrentam um dilema porque é necessário repassar parte deste custo, mas também é entendido que reposição de preços têm como consequência a queda no volume de vendas", avalia o presidente-executivo da Abimapi, Claudio Zanão.

Diante do cenário recessivo desencadeado pela pandemia do novo coronavírus, com as famílias brasileiras administrando orçamentos apertados e optando por itens básicos de menor valor agregado, muitas fabricantes têm buscado absorver a alta do custo sem reajuste de preços. Esse é o caso da M. Dias Branco - líder de mercado em massas e biscoitos. "Para a companhia, está evidente que o consumidor não tem capacidade de absorver integralmente esse aumento do custo, que foi puxado principalmente pelo câmbio", avalia o vice-presidente de Investimentos e Controladoria da companhia, Gustavo Theodozio. O executivo acrescenta que para preservar as margens de lucro a empresa implantou programas de produtividade a fim de reduzir custos internos.

A política de não reajuste de preços dos produtos no varejo também foi adotada pela Bauducco, revela André Britto, diretor de Marketing da empresa. "Durante a pandemia, a companhia realizou um trabalho detalhado de planejamento para se manter saudável, envolvendo também a nossa estratégia de preços, que se mantiveram estáveis durante a crise", diz Britto.

Também está no foco da atenção das empresas a tendência de o consumo migrar dos produtos de maior valor agregado para itens básicos de ticket médio menor, o que pode pressionar as suas receitas de vendas. Esse movimento já foi observado pelos fabricantes no primeiro semestre do ano, de modo geral, em todo as regiões, mas em menor intensidades no Sul e Sudeste, que têm maior renda per capita. A expectativa da indústria é que com a extensão dos reflexos econômicos da covid-19 esse movimento ganhe força no segundo semestre deste ano.

Para frear o impacto dessa mudança de consumo nos resultados financeiros, a M. Dias comenta que está preparando novas opções para este cenário com redução na quantidade e no tamanho das embalagens dos produtos, numa tentativa de manter preço atraente ao consumidor. "Nosso portfólio tem mais de 19 marcas e cobre cerca de 90% da faixa de preços. Com isso, capturamos todos os movimentos de venda, tanto se o consumidor optar por produto de maior ou menor valor agregado", explica o diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da empresa, Fábio Cefaly.


Fonte: Broadcast


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