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Melhorias na logística e redução de custos são desafios para o agro

O Sindicato Rural de Passo Fundo, entidade que há mais de 50 anos representa os agricultores do município e da região, trocou a sua presidência nos últimos dias. Com a posse oficial marcada para fevereiro, Júlio Carlos Suzin toma frente do sindicato.

Com desafios para 2019, como por exemplo, sustentar a estrutura do sindicato sem o imposto sindical obrigatório, o engenheiro agrônomo de formação acredita que é preciso abrir os mercados e melhorar a infraestrutura, mas que há esperança de uma recuperação econômica do país e o crescimento do agronegócio, aliado a diminuição dos custos de produção.

“Estamos sentados em uma mina de ouro, o Brasil só precisa tomar um rumo certo, um foco, um norte e saber as estratégias para alcançar os objetivos. Se as reformas forem feitas, e não vai ser de uma hora para outra, é devagar, chegamos lá”.

Desafios do trigo

“O agro sofre de um mal que, enquanto é possível repassar custos para alguém, tudo bem. Quando não se consegue, quando não se consegue abertura de mercado, fica complicado. Aí o produtor rural depende da produtividade, mas no Brasil é uma coisa interessante: a produtividade não faz nada. O exemplo é o trigo: partimos de 20, 25 sacas por hectare e hoje produzimos cerca de 100 sacas. A diferença de quando se produzia 20 sacos para 100 sacos ou até mais, é que o problema continua o mesmo: nós não temos como tirar o trigo daqui, esse é o nosso problema e competir com o trigo de fora, importado, é muito complicado. Não temos logística, nosso custo de produção é muito alto para competir com o Mercosul”, afirma.

Além disso, Suzin salienta que diversos fertilizantes e defensivos utilizados fora do Brasil não são permitidos dentro do território brasileiro e que isso prejudica os produtores na hora de competir.  E acrescenta:

“Nós precisamos de ferrovias novas, portos novos e duplicar essas estradas que fazem o escoamento da produção, é inaceitável como está”.

Autonomia da estatal

Para alavancar a cultura de inverno, além de logística e infraestrutura, o presidente destaca que é preciso pesquisa de qualidade e cita as ‘Embrapas’ como motor propulsor disto.

“A Embrapa precisa de mais autonomia, autonomia nas decisões, precisamos de mais pesquisas próprias. Aqui [Rio Grande do Sul] temos uma diferença do resto do país, nós temos um clima diferenciado, com inverno bem marcado, que possibilita cultivar trigo, cevada e outras culturas. Nós dependemos de uma pesquisa, precisamos abraçar a Embrapa, ela tem tudo para deslanchar”.   A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária foi fundada na década de 1970.

Tributação do Funrural

A polêmica do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) há pelo menos dois anos ronda os produtores rurais do Brasil. Em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade da cobrança e isso fez com que muitos produtores deixassem de recolher o passivo. Em 2018, no entanto, o STF sepultou o que ele mesmo já havia julgado e agora a cobrança é constitucional.

“O Funrural foi criado junto com as leis trabalhistas de Getúlio Vargas e naquela época grande parte da população vivia no campo, então foi criado para aposentar essas pessoas do interior, cobrando um percentual sobre a produção. Hoje, se pensarmos bem, nem 15% da população está no campo e, se por exemplo, eu tenho empregados, eu tenho que pagar todos os direitos trabalhistas, e o empregador para se aposentar também, então eu pergunto: Para onde vai o Funrural?  Nós estamos contribuindo para as pessoas que se aposentaram com um salário alto e mantiveram os privilégios altos. É uma bitributação e atualmente ninguém sabe como cobrar mais, nem a Receita Federal”, finaliza.

Fonte: Diário da Manhã


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