Uma pesquisa realizada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), Embrapa Trigo (RS) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) com o trigo cultivado em cinco cidades do Cerrado Mineiro indicou que a região pode produzir um trigo de alta qualidade e valor nutricional. Os dados foram publicados no Journal of Food Processing and Preservation sob o título “Brazilian Cerrado Wheat: Technological Quality of Genotypes Grown in Tropical Location” (Trigo do Cerrado Brasileiro: qualidade tecnológica dos genótipos cultivados em locais tropicais”, em tradução livre).
O trabalho contou com financiamento da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A chamada "tripocalização" do trigo é considerada uma das principais fronteiras da pesquisa agropecuária, com o desenvolvimento de variedades do grão mais resistentes ao clima mais quente do Brasil central. Hoje, a produção é concentrada no Sul.
Os pesquisadores estudaram 34 amostras de 12 genótipos de trigo desenvolvidos pela Embrapa e cultivados sob sistemas irrigado e de sequeiro. Os testes clássicos de caracterização físico-química e reológica (viscosidade) mostraram qualidade tecnológica muito boa. As análises indicaram elevada força de glúten na maior parte delas, indicando que o cereal é apropriado para ser utilizado na panificação ou mesmo em mescla com trigo de força menor, em caso de ser melhorador.
“Existe um enorme potencial comercial a ser explorado com o cultivo do trigo em ambientes tropicais, como o Cerrado Brasileiro”, afirma Martha Zavariz, pesquisadora de Laboratório de Qualidade de Grãos, da Embrapa Trigo.
De acordo com a pesquisa, além do desempenho tecnológico, o trigo no Cerrado mostra bom rendimento no campo e na agroindústria. A expectativa é que o resultado incentive ações de pesquisa e desenvolvimento para geração de novas cultivares adaptadas ao solo nacional e estimule políticas públicas de fomento à cadeia produtiva, reduzindo a dependência brasileira da importação do cereal.
Fonte: Globo Rural