O Brasil não deve ter problemas de abastecimento de trigo no
curto prazo, mas a escalada de preços e a incerteza em relação à oferta de
fertilizantes são pontos de preocupação no mercado. A avaliação foi feita nesta
sexta-feira (4/3), pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo),
que representa os moinhos brasileiros, ao comentar os efeitos da guerra entre
Rússia e Ucrânia no mercado internacional.
"O mercado de trigo enfrentou muitas questões nos
últimos anos, como a pandemia, o frete e agora essa questão do conflito.
Estamos, novamente, vivendo um período de grandes desafios para todo o setor do
trigo. Mais do que isso, esse conflito é um momento de muita tensão e incerteza
para o mundo, que deve ser acompanhado com cautela e atenção por todos",
diz a Abitrigo, em nota.
A Associação lembra que o Brasil importa ao menos 60% do
trigo que utiliza. E que o principal fornecedor externo do cereal é a
Argentina, que já sinalizou ter volume suficiente para atender a demanda
brasileira. O Brasil também importa da Rússia, mas em quantidades bem menores e
não compra da Ucrânia, destaca a Associação.
No entanto, há o risco de manutenção da escalada de preços
internacionais do cereal. Russos e ucranianos estão entre os principais
produtores e exportadores mundiais de trigo. Respondem, juntos, por quase 30%
do que é comercializado globalmente, algo em torno de 210 milhões de toneladas.
Com a escalada dos confrontos no leste europeu, que chegou nesta sexta-feira (4/3) a nove dias, as cotações internacionais dispararam na Bolsa de Chicago, principal referência de formação de preços do trigo. Só nos oito primeiros dias da guerra, a alta foi de 37,5%. E o mercado global acompanha a tendência, lembra a entidade que representa os moinhos.