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Agronegócio demite quase 1,4 milhão de pessoas e emprego recua 7% desde 2012

O melhor desempenho do agronegócio nos últimos anos, na comparação com a fraqueza geral que predomina no restante da economia, não se traduziu em mais empregos no campo ou nos setores associados direta ou indiretamente a atividades agropecuárias. Num levantamento realizado a cada trimestre pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o número de pessoas ocupadas no agronegócio caiu de 19,45 milhões no primeiro trimestre de 2012 para 18,07 milhões no mesmo período deste ano, o que correspondeu ao fechamento de aproximadamente 1,38 milhão de empregos, numa redução de 7,1% no período. 


O trabalho toma como base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostra, ainda, que a participação do setor no total de ocupados em todo o País foi reduzido de 22,2% no início de 2012 para 19,67% nos primeiros três meses deste ano. O relatório do Cepea deixa claro, ainda, que o processo de ajuste pelo lado do emprego não havia sido encerrado neste ano. A notícia mais positiva é que o ímpeto das empresas e fazendas para dispensar trabalhadores perdeu força, depois de a massa de ocupados ter atingido o fundo do poço em 2017. 


No primeiro quarto daquele ano, o total de pessoas ocupadas no agronegócio havia desabado para 18,05 milhões, observando ligeira reação no ano seguinte, quando se aproximou de 18,11 milhões, recuando novamente neste ano, com fechamento de 41,377 mil empregos – o que correspondeu a um recuo de 0,23%. Na avaliação do Cepea, o dado indica “relativa estabilidade” para o indicador ao longo dos últimos 12 meses. Os números de março ainda não foram divulgados pelo centro de pesquisas, mas no acumulado do primeiro bimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio apresentou queda de 0,46%, o que talvez ajude a explicar o comportamento negativo no mercado de trabalho.


Ajustes em curso 


Na série mais longa, no entanto, os indicadores disponíveis sugerem que o setor tria colocado em marcha um processo de ajuste às condições menos favoráveis na economia em geral, tendência observada mais nitidamente, numa etapa mais recente, no setor primário e na agroindústria. Em valores nominais, a despeito da queda na ocupação, o PIB do agronegócio experimentou alta de 54,3% entre 2012 e 2018, diante de variação de 41,8% para o PIB brasileiro como um todo. A fatia do setor no total das riquezas produzidas pelo País elevou-se de 19,4% para 21,1% no período, confirmando o avanço mais acelerado do agronegócio naqueles sete anos. 



Balanço

·   Entre o primeiro trimestre do ano passado e o mesmo trimestre deste ano, o setor primário do agronegócio afastou 118,504 mil trabalhadores, reduzindo o número de pessoas ocupadas de pouco mais do que 8,329 milhões para 8,211 milhões, numa redução de 1,42%.

·   A agroindústria afastou 66,032 mil trabalhadores, o que reduziu o total de ocupados em 1,73%, de 3,821 milhões para 3,755 milhões no período.

·   Detalhe: a agroindústria havia ampliado as contratações com a entrada de mais 31,330 mil empregados entre o primeiro e o último trimestres de 2018, quando o total deocupados havia somado 3,852 milhões. Desde lá, os cortes atingiram 97,362 mil pessoas, correspondendo a um corte de 2,53% no saldo das ocupações.

·   Comparado ao primeiro trimestre de 2018, as indústrias de açúcar e etanol realizaram cortes de 17,04% e de 9,83% no número de empregados, seguidas pelo setor de papel e celulose (-9,64%) e fabricação de massas e outros produtos alimentícios (-4,50%).

·   Os segmentos de insumos e de serviços ligados ao agronegócio, ao contrário, reforçaram o contingente de ocupados, com crescimento de 4,02% e de 2,34%, respectivamente, na comparação entre os trimestres iniciais de 2018 e 2019. No primeiro setor, o número de pessoas ocupadas passou de 215,910 mil para 224,588 mil. No segundo, o saldo das ocupações avançou de 5,744 milhões para 5,878 milhões de pessoas.

A redução foi mais intensa entre trabalhadores com carteira assinada, que saíram de 6,540 milhões para 6,374 milhões (-2,54% ou 166,344 mil demitidos), e entre aqueles sem instrução (1,375 milhão para 898,79 mil, em queda de 34,63% ou 476,22 mil a menos). 

Fonte: O Hoje


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