História

A origem do trigo é bastante remota. Indícios arqueológicos datam os primeiros registros há 15 mil anos a.C. e, somente após uma importante mutação genética, foi possível o desenvolvimento do cultivo do grão, primeiro nas regiões montanhosas do Sudoeste da Ásia, (Irã, Iraque e Turquia). Os registros mais antigos do trigo carbonizado datam de 7.600 a.C, encontrados em um sítio arqueológicos no sudoeste da Turquia.


As primeiras espécies a se espalharem pelo mundo foram a einkorn e emmer e, apenas em 3 mil a.C, tem-se o registro da espécie espelta. As três espécies apresentavam grãos presos à casca, o que exigia um esforço extra na trituração por pedras. Os romanos chamavam esse trigo de Farrum, que mais tarde deu origem a palavra “farinha”.


Da espécie emmer domesticado, surgiu o trigo durum - indicado para massas secas e, da espelta, nasceu o trigo comum, perfeito para pães. Com o passar dos milênios novas espécies e subespécies foram surgindo.


A descoberta da massa fermentada, conhecida por “pão branco”, é atribuída aos egípcios em 4.000 a.C, dando ao pão o aspecto que conhecemos hoje. Por ser um produto extremante necessário à alimentação, por muitos séculos foi usado como moeda em transações comerciais.

 

Com os avanços tecnológicos da moagem, romanos e gregos criaram o primeiro moinho mecânico, que representou uma revolução no mundo antigo, favorecendo o crescimento da produção da farinha de trigo. Ao longo dos séculos, ocorreram diversas evoluções técnicas e de maquinários que permitiu a consolidação da indústria moageira.

Atualmente, cultivam-se trigos de inverno e de primavera pertencentes às espécies T. aestivum e T. durum, alcançando áreas e produtividade cada vez maiores. De acordo com a World Wheat Production é o segundo grão mais produzido no mundo, além de ser considerado a base da alimentação humana.




Os primeiros registros da chegada do trigo no Brasil são de 1530. Os primeiros grãos foram trazidos por Martin Afonso de Souza, na vila de São Vicente, onde os portugueses tinham a incumbência de cultivar diversas culturas, sendo uma delas o trigo, porém o clima quente e o solo dificultaram a expansão da cultura.


Em 1746, na Vila de Nossa Senhora do Desterro, em Florianópolis, o primeiro cultivo prosperou, porém não houve grande interesse por parte dos colonos na cultura. Já no Rio Grande do Sul, a cultura se espalhou pelo interior do estado e registrou 2 mil toneladas nas primeiras safras, a partir de 1752. Mas com as epidemias de ferrugem, as guerras, a abertura dos portos e a chegada da farinha norte-americana, os gaúchos trocaram o trigo pelo charque. Anos depois, a chegada dos italianos em 1875, deu um novo impulso na produção de trigo no Brasil, registrando um volume de 83 mil toneladas.


Já no século 19, um acordo do governo imperial garantiu vantagens de preço à farinha americana e a Princesa Isabel autorizou a implantação de moinhos no país. Com isso, o Brasil estava pronto para entrar na era dos moinhos industriais. A partir deste momento registra-se o surgimento de grandes moinhos por todo país. Em apenas três décadas, o Brasil aumentou em quinze vezes sua capacidade de produção.


Outro entusiasta do trigo foi o presidente Getúlio Vargas, que sempre dedicou especial atenção ao fomento do grão, com o objetivo de tornar o Brasil autossuficiente, durante todo tempo que esteve no poder. Em seu governo decretou obrigações como de aquisições de trigo brasileiro, limitações de cotas de compra para as indústrias nacionais, proibição da importação de farinha estrangeira e isenções de tarifas de compra de maquinário. Em 1954, ano de seu falecimento, Vargas, tinha aumentado a produção de trigo para 870 mil toneladas.


Em meados de 1962, o comércio do grão passa a ser controlado pelo Banco do Brasil/CTRIN e assim permaneceu por 23 anos. Nesse período, o campo recebeu vários subsídios e investimentos. Os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, por exemplo, alcançaram em 1986/87 o volume recorde de 6.1 milhões toneladas. Em 1990, o presidente Fernando Collor derrubou o Decreto-Lei 210, que marcou o retorno das indústrias ao cenário de competição internacional, após duas décadas de controle estatal.


O cultivo do trigo e as indústrias foram se aperfeiçoando, ao longo do tempo, na busca pela produção de uma farinha que atenda às exigências do mercado. Atualmente o Brasil produz cerca de 6 milhões de toneladas de trigo e importa aproximadamente 4 milhões de toneladas, registrando um consumo médio de 10 milhões de toneladas.




São Paulo de Piratininga foi o primeiro celeiro de trigo no Brasil. Após um século do fracasso das primeiras tentativas de plantio, o trigo alcançou a produção de 4 mil toneladas nas grandes fazendas da região de Santana do Parnaíba, que se tornou o maior centro de produção do grão no Brasil Colônia.


Os registros do primeiro projeto de moinho de trigo, autorizado pela Câmara de São Paulo, próximo ao Rio Pinheiros são de 1614. Dois anos depois, foi autorizada a implantação de três moinhos de trigo na região do Vale do Anhangabaú e no bairro do Mandaqui, quando também foi erguido um moinho por Amador Bueno, que acabou se tornando um dos mais produtivos da época.


Durante todo século 17 essa foi a mais importante atividade agroindustrial no Planalto Paulista, que posteriormente cedeu lugar a outro negócio, um centro produtor de gente, “os bandeirantes”.


Já no século 20, três grandes moinhos foram fundados em terras paulistas por italianos: o Moinho Matarazzo, Moinho Santista e os Grandes Moinhos Gamba.


Em virtude do clima, a região Sudoeste Paulista foi ampliando sua área de cultivo do grão e hoje o estado de São Paulo ocupa a posição de terceiro maior produtor de trigo no país, com expectativa de crescimento constante no volume, na área produtiva e também na qualidade do grão.




COMPARTILHE: