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Desafios logísticos e de mão de obra atrasam fluxo de alimentos

Obstáculos logísticos decorrentes da pandemia de coronavírus começam a se acumular, o que dificulta o fluxo de alimentos que sobram em depósitos do mundo todo. Os problemas também elevam os preços agrícolas.


Na segunda-feira, os contratos futuros de trigo registraram o maior período de ganhos desde junho, enquanto os preços da soja e do café também subiram. Na Ásia, os preços de exportação do arroz tailandês são negociados no nível mais alto desde 2013.


Na Argentina, um sindicato que representa cerca de 7 mil esmagadores de soja ameaça entrar em greve devido a temores de contágio. Na segunda-feira, trabalhadores do Porto de Santos suspenderam no último minuto a assembleia para decidir sobre uma possível paralisação.


Uma associação de caminhoneiros canadense sinaliza um "desequilíbrio" na cadeia de suprimentos, e há preocupações sobre falta de mão de obra em cafezais na América Central e Latina.


Isso mostra como a complicada e frágil cadeia de suprimentos para alimentar o mundo é afetada pela propagação do vírus e pelas medidas drásticas de bloqueio e sem precedentes para conter a pandemia. Também aponta para possíveis dificuldades em fazer com que os alimentos cheguem onde é necessário, mesmo quando a oferta é abundante.


"Há uma demanda sem precedentes na cadeia alimentar. Nossos hábitos alimentares são totalmente diferentes", disse Mike Johanns, ex-governador e senador do estado de Nebraska, que também foi secretário do Departamento de Agricultura dos EUA. "Esta pressão vai continuar."


Com consumidores incentivados a ficar em casa o máximo possível, a demanda por produtos básicos sobe rapidamente, como é o cado do trigo e do arroz. As compras de produtos à base de farinha também sobem, pois muitas pessoas se voltam para a comida caseira.


Alguns países tomam medidas para garantir o abastecimento doméstico de alimentos. A Rússia começa a restringir a exportação de alguns produtos alimentícios. A China, maior produtora e consumidora mundial de arroz, reformulou a política de preços para o produto e se comprometeu a comprar uma quantidade recorde da colheita deste ano.


Importadores de alimentos também intervêm para garantir o abastecimento. Os EUA informaram na semana passada que a China havia reservado 340 mil toneladas de toneladas de trigo duro de inverno e que fez a maior compra diária de milho americano em sete anos. Importadores-chave de trigo, como Argélia e Peru, também anunciaram novas compras, e Marrocos disse que a suspensão das tarifas de importação de trigo durariam até meados de junho.


No caso do trigo, "a demanda no mercado internacional é forte, como mostra a decisão da Argélia de lançar uma licitação. Isso se soma à demanda já alta da China", disse a consultoria agrícola francesa Agritel em nota. "Faltam condutores de caminhão ou de trem, e algumas regiões sofrem com problemas de suprimento. Esses problemas também existem fora da França, pois as dificuldades foram observadas na América do Sul."


Fonte: Uol


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