O Departamento de Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nesta semana as Projeções para o Agronegócio Brasileiro. O levantamento reúne diagnósticos e projeções do setor para a próxima década, em termos de produção, produtividade, consumo doméstico e exportações. Segundo a pesquisa, no Brasil, alguns fatores ocorridos em 2016 fizeram com que a área plantada com o trigo fosse menor. Com a queda dos preços internacionais e a valorização do real, o resultado financeiro da cultura ficou bastante prejudicado e, como o milho segunda safra vem mostrando melhor rentabilidade comparativa, tem sido comum o cereal ser deixado como segunda opção de plantio, principalmente no Paraná, onde é possível o cultivo de ambas as culturas. As projeções indicam que até 2026, a área plantada terá um aumento de 9%.
Por outro lado, no mesmo ano, uma situação atípica de demanda conferiu alguma sustentação ao mercado. Com a quebra da safrinha, o milho alcançou preços muito altos no mercado interno e fez com que o trigo fosse utilizado em substituição de parte desse milho na composição de rações para os animais. Embora esse fato tenha elevado principalmente a demanda do produto de pior qualidade, isso não foi suficiente para reverter a baixa rentabilidade dos produtores e essa forma de utilização, não convencional, não deve se repetir nos próximos anos, a menos que ocorra uma nova escassez de milho no mercado, o que, a princípio, não é esperado. Apesar desses fatores, o País deve colher uma boa safra em 2017, com destaque esperado para a produtividade.
No longo prazo, a competição por área com outras culturas e as limitações climáticas, além da concorrência com produto importado, continuarão restringindo a oferta interna do grão, salvo a estruturação de uma política de governo mais ostensiva voltada à cultura, e o Brasil seguirá dependente da importação para atender a grande parte do consumo doméstico. Ao mesmo tempo, a demanda de uma indústria alimentícia cada vez mais exigente faz com que o trigo seja objeto constante de pesquisa e desenvolvimento de novos cultivares para o produtor, o que seguirá aprimorando, de forma contínua, a qualidade do grão ofertado.
Confira as projeções para outros setores do agronegócio no site da Fiesp: www.fiesp.com.br/outlook