Em franco desenvolvimento, o mercado de Food
Service é uma das frentes de trabalho que mais crescem em território
nacional. Para analisar o desenvolvimento do setor em 2023 e expor expectativas
para 2024, o Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo
(Sindustrigo) realizou, na quarta-feira, 19, o Webinar "Mercado e Canais
do Food Service".
A iniciativa contou com a participação do gerente
de Economia e Inteligência Competitiva da Associação Brasileira da Indústria de
Alimentos (ABIA), Cleber Sabonaro, e do diretor da Galunion Consultoria em
Foodservice, Renato Lutti. A mediação do encontro foi realizada pelo
Diretor-presidente da Richard Saigh Indústria e Comércio S/A e vice-presidente
do Sindustrigo, Christian Saigh.
Para Sabonaro, o desenvolvimento do setor é
orientado pela qualidade e pela força da parceria entre indústria, operadores,
distribuidores e todo o ecossistema que compõe a frente de trabalho que,
segundo ele, “é uma cadeia de valor que contribui para a segurança alimentar e
nutricional da população brasileira e mundial”.
Em panorama geral, a indústria brasileira de
alimentos como um todo faturou em 2023 cerca de R$ 1,161 trilhões,
representando 10,7% do PIB nacional, que totalizou R$ 10,856 trilhões. Neste
cenário, o mercado interno foi responsável por 73% do consumo, com R$ 851
bilhões, e as exportações 27%, com R$ 310 bilhões.
O setor também investiu R$35 bilhões,
montante dividido entre inovações, com 19,18 bilhões, e fusões e aquisições,
com 16,79 bilhões. As vendas no mercado interno somaram R$ 616,2 bilhões no
varejo e R$ 234,9 bilhões no Food Service, com altas de,
respectivamente, 11,9% e 8,3% em termos nominais, quando comparado ao ano
anterior. No que se refere à representatividade da frente de trabalho, o Food
Service é responsável por 27,6% do mercado atual, enquanto o varejo, 72,4%.
De acordo com o gerente, neste cenário positivo
de desenvolvimento do Food Service pode se converter em oportunidades para
o futuro do país, na geração de emprego e renda, e inclusive nas exportações de
alimentos industrializados e serviços frente aos demais mercados competitivos.
“Os países mais desenvolvidos nas cadeias de valor de alimentos tomam partido
de suas gastronomias para o bom desenvolvimento de sua imagem e da qualificação
de seus produtos nas estratégias de comercialização e relevância. O Brasil é um
país de forte gastronomia e o mercado também tem trabalhado para reforçar isso por
meio do Food Service”, explicou.
Apenas em 2023, o setor foi responsável por
gerar mais de 70 mil vagas de empregos. Desse número, 67,3% são relacionadas à
indústria de transformação. Vale se ressaltar que a frente de trabalho também
foi responsável por mais de 260 mil vagas indiretas de empregos.
“O setor tem evoluído com o crescimento da
economia brasileira, que se encontra em um patamar moderado. O varejo mantém a
sua trajetória de desenvolvimento, mas o Food Service tem trabalhado
continuamente para recuperar o espaço representativo visto no período
pré-pandemia”, complementa o profissional, ao pontuar que a participação do Food
Service nos gastos com alimentos pela população representou 29% em 2023.
Para 2024, é esperado que esse número passe para 30%.
Para o próximo ano, Sabonaro definiu alguns
fatores de estímulo para o crescimento do setor, são eles: a expansão da massa
de renda da população acima do PIB, o abastecimento de matérias-primas que
seguem em situação de normalidade e o aprofundamento das parcerias estratégicas
de negócios com indústrias, distribuidores e operadores. No entanto, a contínua
elevação de juros no país, o custo de mão de obra que se eleva à medida que a
taxa de desemprego reduz e a força do home office parcial serão importantes desafios.
Entre as oportunidades que devem estar no
radar dos operadores, a transformação digital do consumo, produção e
distribuição de alimentos, os novos modelos de negócios, o foco em nutrição com
equilíbrio, a flexibilidade para atender as diferentes demandas dos
consumidores, a valorização da culinária, a sustentabilidade no gerencialmente
de perdas e a gestão de pessoas se destacam.
A cadeia do trigo
Atrelada ao desenvolvimento do Food Service
no Brasil, a cadeia produtiva do trigo desempenha papel fundamental para os
resultados do setor. Segundo o profissional da ABIA, ela é um dos principais
segmentos em operação.
“O crescimento da produção do trigo foi forte
no Brasil nos últimos anos estimulada pelos preços internacionais. Ao analisar
o mercado interno, atualmente 60% do produto consumido no Brasil é produzido no
próprio país, o que representa um fator de segurança no abastecimento face aos
conflitos geopolíticos e das mudanças climáticos no mundo, que tem atingido
importantes países produtores de trigo”, destacou.
Entre as tendências na panificação artesanal,
frente de grande representação mercadológica, o gerente pontua a fermentação natural,
a valorização de ingredientes naturais e sustentáveis, as dietas especiais e
segmentações, a experiência sensorial e a inovação, a tecnologia e o relacionamento
com clientes, a estética e a apresentação como fatores de atenção para atrair
cada vez mais consumidores.
Tal atração foi detalhada pelo diretor da
Galunion Consultoria em Foodservice, Renato Lutti, ao apresentar resultados de
pesquisa que analisou a visão dos operadores de Food Services do Brasil.
A iniciativa levou em consideração o recorte composto por 5.675 unidades e 464
marcas.
Para Lutti, é nítido como o consumidor brasileiro
tem se mostrado cada vez mais atento aos produtos disponíveis para consumo, ou
seja, a indústria precisa estar cada vez mais atenta às demandas e suas
especificidades.
Em meio às principais formas de fornecimento
utilizadas em 2023, se destacaram a compra direta da indústria de alimentos,
com 67%, seguida pelo uso de distribuidores especializados em Food Service
(44%).
“Em 2024, como também apontou a pesquisa, os principais desafios para os operadores estarão atrelados ao encontro de gente qualificada em contratação e retenção, a atração de clientes, o ajuste de modelo de negócios para torná-lo mais atrativo e a inflação. Esses são pontos que devem estar no radar dos demais profissionais do setor ao longo do ano, para que assim o setor se desenvolva com mais robustez”, frisou.
A íntegra do webinar está disponível no canal do Sindustrigo no YouTube.