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SINDUSTRIGO: Importação deve crescer até 25% em 2018; câmbio aperta margens dos moinhos

São Paulo, 29/12/2017 - A queda da produção brasileira deve fazer os moinhos importarem até 25% mais trigo em 2018. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que prevê compras de até 7,5 milhões de toneladas ante as 6 milhões de toneladas neste ano. O processamento deve se manter ao redor dos 11 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume de 2016, refletindo o consumo estagnado. A dependência maior do produto importado reforça a atenção no câmbio. Para a Abitrigo, com o ano de eleições no Brasil o câmbio deve oscilar mais, o que, além de dificultar o planejamento das compras, feitas com bastante antecedência, pode pressionar as margens da indústria.

O setor tritícola colheu 4,3 milhões de toneladas em 2017, ou 36,1% menos, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A queda é resultado da conjuntura que envolve perda de 29,4% em produtividade, para 2,24 mil quilos por hectare, e corte de 9,5% nas áreas de plantio, a 1,917 milhão de hectares. "Estamos saindo de um ano marcado pela safra nacional mais baixa, com forte quebra por efeito climático. Isso levará os moinhos brasileiros a importarem mais", diz o presidente do conselho deliberativo da Abitrigo, Marcelo Vosnika.

O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), Christian Saigh, acrescenta que a Argentina, com produção de 17 milhões de toneladas, será o principal fornecedor do cereal para os moinhos nacionais. Safras volumosas no país vizinho contribuem para a queda nos preços no Brasil, e acabam por desestimular o plantio da cultura. "Quando o agricultor planta menos, é ruim para toda a cadeia e o risco cambial torna-se o nosso maior problema", diz Saigh.

Além da Argentina, Estados Unidos, Rússia e Austrália colheram boas safras e a oferta de trigo atende com folga a demanda global, o que deve assegurar preços "relativamente baixos", avalia Vosnika. Ele projeta tonelada a US$ 235, em média, valor próximo do preço praticado no mercado interno para o cereal com qualidade para panificação. O câmbio que contempla os custos médios da matéria-prima ficaria, segundo o executivo da Abitrigo, em torno R$ 3,30.

Saigh, que é também presidente do Moinho Santa Clara, em São Paulo, diz que o Estado que mais consome farinha de trigo do País deve ter aumento de 3% a 5% na moagem em 2018. O processamento em 2017 foi de 1,785 milhão de toneladas, 4,95% menor que o do ano anterior.

Trigo russo - Sobre o fato de o governo brasileiro ter feito mudanças na legislação sanitária para a entrada do trigo da Rússia, fontes ouvidas pelo Broadcast Agro junto a tradings afirmam que questões como qualidade e preço limitam a negociação. "Falamos em uma diferença ao redor de US$ 30 por tonelada entre o trigo da Rússia e o da Argentina, sendo que o europeu é o mais caro", ressalta uma delas.

Fonte: Agência Estado


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