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Agricultor pode economizar até 4 vezes se construir silos pequenos com secagem natural para grãos

Construir silos pequenos e simples com secagem natural ou levemente aquecido com GLP dentro da propriedade agrícola, além de garantir a qualidade dos grãos, pode significar uma economia de até 4 vezes para o agricultor familiar só na secagem, sem considerar a economia com armazenagem. Foi o que afirmou, nesta quinta-feira (6/5), pelo engenheiro agrônomo Ricardo Martins, em live sobre armazenagem da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Segundo ele, os silos pequenos com secagem natural são eficientes e sua construção custa a metade do valor de um silo convencional. Martins, que trabalhou 40 anos com armazenagem na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS), apresentou vários projetos de estruturas simples, implementados em propriedades no Estado.


O silo secador de alvenaria com tijolos cerâmicos colados com argamassa polimérica, por exemplo, armazena 1.500 sacos de grãos e pode ser erguido em apenas um dia e meio pelo próprio produtor, dispensando mão-de-obra de pedreiro. Silos de concreto pré-moldado que comportam de 7.500 a 40 mil sacos também são boa opção porque podem ser desmontados e levados para outro lugar.


O agrônomo destacou que é fundamental não depositar grãos quebrados ou impurezas nos silos com secagem natural. “O ventilador é a chave do sucesso nesse tipo de armazenagem. Compre um bom ventilador e garanta uma boa instalação.” Uma máquina de limpeza de grãos também é recomendada, assim como a divisão da capacidade em silos menores. “O silo secador pequeno garante mais qualidade de aeração aos grãos que as unidades maiores, além de permitir a segregação dos produtos.”


Martins apresentou o estudo de caso de uma fazenda de Tuparendi (RS) que construiu oito silos de secagem natural na propriedade para ter uma capacidade estática de armazenagem de 40 mil sacos de grãos. Nos últimos três anos, a família armazenou em média 64 mil sacas de grãos (19.902 de soja, 36.945 de milho e 7.712 de trigo), ou 60% acima da capacidade, já que as safras são colhidas em épocas diferentes do ano. “Pela cotação dos grãos no sul, isso dá uns R$ 7 milhões no ano.”


Considerando os gastos anuais com GLP para aquecer os grãos e com energia elétrica para ventiladores e outros equipamentos, o custo médio para secar cada saca foi estimado em R$ 1,50. Se fosse fazer isso fora da propriedade, sem contar o frete de ida para a unidade secadora, o custo de cada saca seca subiria para R$ 6,50. Além disso, com o silo, o produtor pode armazenar os grãos e esperar o melhor momento para vender sua produção.


“Aproveitem o atual preço das commodities para construir silos”, finalizou Martins.


Crédito

Insegurança e imprevisibilidade em relação aos custos. Esse, segundo Roberto Queiroga, diretor-executivo da Associação de Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), é o motivo pelo qual as cerealistas não investem na construção de estruturas de armazenagem no Brasil, embora haja forte demanda para isso diante dos consecutivos aumentos de produção de grãos.


O executivo disse na live da Conab que não dá para concorrer com quem consegue obter os poucos recursos com juros equalizados, enquanto a maioria precisa se sujeitar aos juros de mercado, que custam o dobro. “É preciso reduzir as assimetrias na disponibilização de crédito e incentivar novos mecanismos de financiamento.”


Segundo ele, o governo disponibilizou R$ 24 milhões (em valores de 2020) com juros equalizados nos últimos 17 anos para a construção de estruturas de armazenagem, mas aplicou realmente apenas R$ 15,5 bilhões. “Isso é uma gota no oceano diante da nossa necessidade de armazenamento”, diz, estimando que seriam necessários hoje pelo menos R$ 70 bilhões para suprir o déficit.


Para o executivo, o produtor brasileiro, mesmo capitalizado, não investe em armazenagem dentro das fazendas, como fazem os americanos, porque, mesmo quando tem uma rentabilidade maior, sempre tem outras prioridades, como um novo pacote tecnológico, renovação das máquinas, implantação de irrigação e ou ampliação de área de produção. “Depois de colher é que o produtor vai analisar suas opções de armazenar a produção em tradings, cerealistas ou cooperativas e acaba se frustrando.”


Fonte: Globo Rural


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