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Chuvas e fungo giberella desafiam safra de trigo no RS, mas produção deve alcançar 3,7 milhões de toneladas

Safra de trigo enfrenta atrasos e doenças devido ao excesso de chuvas

A safra de trigo de 2025 no Rio Grande do Sul tem enfrentado desafios climáticos significativos, com chuvas persistentes em outubro e o surgimento do fungo giberella em diversas lavouras. Apesar dos problemas, a estimativa de produção permanece em 3,7 milhões de toneladas, segundo avaliação feita durante reunião virtual da Câmara Setorial do Trigo, realizada nesta segunda-feira (10).


De acordo com o gestor da área de cultivos anuais da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, a safra vinha apresentando bom desempenho até o início da primavera, mas o excesso de umidade acabou comprometendo parte da qualidade dos grãos. “O mês definidor, outubro, teve muitas chuvas, alterando o peso hectolitro (PH) do trigo e atrasando a colheita. Também houve ocorrência de giberella. Ainda temos expectativa de uma safra boa, mas com desempenhos variáveis conforme a região do estado”, destacou.


Atualmente, a colheita atinge cerca de 40% da área cultivada no estado. Rugeri alertou que o volume expressivo ainda a ser colhido aumenta os riscos de doenças de final de ciclo, especialmente sob condições de umidade elevada.


Produtividade varia entre regiões e tecnologia empregada nas lavouras

O assistente de operações da Conab, Matias José Führ, reforçou a percepção da Emater sobre a variabilidade das lavouras. Segundo ele, a produtividade tem oscilado entre 2 e 4 mil quilos por hectare, reflexo do nível tecnológico adotado por cada produtor.


“Muitas áreas foram implantadas com baixo padrão tecnológico, o que também deve influenciar na expectativa. Hoje, a estimativa oficial permanece próxima da inicial, de 3,2 mil quilos por hectare, com 1,15 milhão de hectares cultivados”, informou Führ.


Mercado do trigo vive momento delicado com preços em queda

Além dos desafios no campo, o mercado do trigo enfrenta forte desvalorização, o que tem desestimulado os produtores. Para amenizar a situação, o Governo Federal anunciou apoio ao escoamento e comercialização de até 148 mil toneladas de trigo do Rio Grande do Sul, por meio dos programas Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio de Escoamento da Produção (PEP).


Apesar da iniciativa, o presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires, avaliou que o volume é insuficiente para equilibrar o mercado. “É uma ação importante, mas insignificante frente à produção do estado. Ela traz um balizador irreal para comercialização, deixando quem origina trigo numa saia muito justa”, criticou.


O diretor do Moinho Santa Maria, Tino Antoniazzi, acrescentou que a situação de preços baixos não é exclusiva do trigo. “O quadro geral não está bom, mas a venda é garantida. As exportações estão funcionando e o trigo já chegou ao fundo do poço no preço. A tendência é de melhora nas próximas semanas”, afirmou.


Setor pede mais recursos federais e maior volume nos leilões públicos

Como encaminhamento da reunião, a Câmara Setorial do Trigo decidiu solicitar ao Governo Federal um reforço nos recursos destinados à comercialização e um aumento no volume destinado ao Rio Grande do Sul nos leilões de Pepro e PEP. A proposta inclui o remanejamento de parte das cotas do Paraná, em razão da descapitalização dos produtores gaúchos, que enfrentam dificuldades para acessar crédito rural.


Participaram do encontro representantes de diversas instituições ligadas à cadeia do trigo, entre elas Apassul, Banrisul, Conab, Cotriel, Emater/RS-Ascar, Embrapa Trigo, Farsul, Fecoagro, IBGE, Moinho Estrela, Moinho Santa Maria, Motasa, Secretaria da Fazenda, Sicredi e Sinditrigo.


Fonte: Portal do Agronegócio


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