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Clima quente e seco pode ajudar a frear excesso mundial de trigo

Finalmente parece que a abundância mundial de trigo chegou ao pico.

Dos EUA à Europa, o clima seco e quente está afetando as safras, e o governo dos EUA projeta que a produção global cairá pela primeira vez em cinco temporadas. As condições adversas levaram os futuros de referência em Chicago a registrar o melhor começo de ano em uma década, uma reversão brusca dos quatro anos anteriores, quando o peso da oferta derrubou os preços.

"Definitivamente estamos em um ponto de inflexão", disse Matt Connelly, analista de grãos da The Hightower Report em Chicago, em entrevista por telefone. "Acho que os números da produção mundial vão cair lentamente e acordar o mundo."

Não é só o clima. Anos de preços baixos levaram os agricultores a plantar menos. Embora os rendimentos tenham crescido, a qualidade caiu e o grão contém menos proteína. Além disso, a mudança do clima acarreta mais períodos de calor e seca em todos os lugares. Globalmente, a última primavera boreal foi a segunda mais quente da história depois da de 2016, segundo os Centros Nacionais de Informação Ambiental dos EUA em Asheville, Carolina do Norte.

Os problemas meteorológicos já assustaram hedge funds pessimistas, que reduziram ativos pela terceira semana consecutiva. Até 20 de junho, gestores de recursos tinham uma posição líquida vendida, ou seja, a diferença entre as apostas em uma queda e em uma alta dos preços, de 20.791 futuros e opções, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA publicados três dias depois. É a posição menos pessimista desde novembro de 2015.

A seguir, a situação das safras nas principais regiões produtoras:

EUA

Os agricultores estão no meio da colheita do trigo semeado no inverno na região centro-oeste e nas Grandes Planícies. A produção será menor que a do ano passado porque os agricultores plantaram a menor superfície em um século, e dados iniciais de testes sugerem que o trigo duro vermelho de inverno, a maior variedade cultivada, apresentará níveis de proteína abaixo da média pelo segundo ano consecutivo.

Isto está aumentando a demanda pela variedade primaveral com alto teor de proteína, cultivada nos estados do norte do país, que têm sido assolados pela seca. As condições de cultivo são as piores para esta época do ano desde 1988.

Europa

Uma onda de calor na Europa Ocidental ameaça a produção, porque o aumento das temperaturas reduz a probabilidade de que as safras cheguem à etapa crítica de preenchimento de grãos. Os futuros de Paris que acompanham o trigo para moagem chegaram ao valor mais alto em 18 meses na semana passada. Apesar disso, projeta-se que a produção vai superar a safra desastrosa do ano passado, que foi afetada por enchentes. Contudo, os analistas estão reduzindo rapidamente suas expectativas para a safra.
"O mercado ainda não está precificando o risco desse clima quente", disse Didier Nedelec, diretor-geral da assessoria agrícola francesa Offre & Demande Agricole Groupe. O grupo diminuiu sua perspectiva para a produção de trigo da França de 36,4 milhões de toneladas métricas para 35 milhões, e mais reduções são possíveis.

Argentina

A maioria dos países enfrenta secas, mas na Argentina os agricultores sofrem com o excesso de chuvas. Após anos consecutivos de fortes chuvas, cerca de 100.000 hectares de campos alagados na principal região agricultora do país poderiam ficar sem plantar. Contudo, condições favoráveis no sul da província de Buenos Aires, conhecida como a cesta de pão da Argentina, e no norte do país poderiam ajudam a compensar a superfície perdida. Ao mesmo tempo, a eliminação de um imposto sobre as exportações deixou muitos agricultores ansiosos para plantar mais 

Fonte: Brasil Agro


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