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Custo de insumos é maior no BR do que no Mercosul

Os produtores brasileiros pagam, em média, 86% mais caro por insumos em virtude da carga tributária e burocracias associadas à importação de máquinas, fertilizantes, defensivos e demais produtos necessários para a produção. O resultado é uma competitividade reduzida tanto no mercado doméstico quanto nos mercados internacionais, aponta estudo apresentado pelo Sistema Farsul.

O levantamento revelou disparidades entre os custos de produção agrícola no Brasil e em outros países do Mercosul. Também foi elencado o peso da carga tributária que incide sobre os bens de produção no país. O custo de se produzir grãos no Brasil chega a ser, em média, 79% mais caro que o custo argentino e 32% mais oneroso que o uruguaio. O peso dos impostos, somado à queda nos preços das commodities, vêm causando redução no lucro do produtor. "As dificuldades de adquirir insumos do exterior agrava ainda mais a situação, que já causa o aumento do desinteresse do produtor pelo trigo", diz o relatório.

O presidente da Comissão do Arroz da Farsul, Francisco Schardong, alerta que a manutenção desse quadro pode causar, em breve, impactos no cultivo do arroz. "Os resultados de safra que temos este ano são graças ao empenho do produtor de buscar cada vez mais a produtividade. Mas estamos enfrentando uma situação de safra cheia e bolso vazio.

O produtor vem diminuindo cada vez mais a sua margem e está vendendo até abaixo do custo de produção para poder sobreviver". Segundo o economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, a competitividade do produtor brasileiro é prejudicada pelas dificuldades impostas na importação. Enquanto argentinos e uruguaios podem adquirir insumos a preço de mercado internacional, no Brasil a compra de máquinas e equipamentos e outros produtos sofre algumas restrições. "As requisições de inspeções e liberações de departamentos técnicos, além da incidência de taxas, impostos de importação, PIS/Cofins, ICMS são mecanismos que fecham o país para a livre concorrência", coloca da Luz.

Ele afirma que uma das soluções seria remover os entraves burocráticos para que os produtores brasileiros consigam diminuir os seus custos de produção ao acessar produtos nos mercados que tiverem as melhores ofertas. Foram analisados, a partir de dados de 2013 da Farsul, ainda os tributos que incidem sobre insumos, serviços agrícolas, manutenção e distribuição e colheita em quatro culturas. O estudo concluiu que o maior peso está na produção do arroz, já que os impostos para o cultivo deste grão representam 30,26% do custo total. Na sequência vem o milho (27,10%), soja (27,05%) e trigo (26,21%).

A categoria de manutenção e distribuição representou uma das etapas com o percentual mais alto de taxas, com 38,7% no caso do arroz e 35,83% no do milho. Na fase da colheita, os tributos representam 35,83% do custo de produção em todas as culturas analisadas. Ao analisar o caso de produtos específicos, verifica-se um desequilíbrio entre os grupos que compõem a cesta estudada, enquanto os fertilizantes e máquinas apresentam uma diferença menor de preço, os agroquímicos (fungicidas, inseticidas e herbicidas) no Brasil têm um preço em média 107% maior que na Argentina e Uruguai.

No caso de máquinas agrícolas, o estudo revela que o preço cobrado por estes equipamentos poderia ser reduzido em um quarto se houvesse isenção de impostos para bens de capital, a exemplo do que ocorre em outros países. Já os adubos, fungicidas e pesticidas poderiam ser diminuídos 20%. A base dos preços foi a divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento. 

Fonte: Portal DBO
 


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