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Entidades do agronegócio relatam prejuízo e alertam para atraso no reabastecimento

Representantes de entidades do agronegócio relataram nesta terça-feira (29) graves prejuízos para o setor e alertaram para o risco de faltar comida para a população se houver mais demora no reabastecimento.

Produtores de setores como de soja, laticínios e proteína animal, cobraram do governo federal uma ação mais firme para assegurar a passagem dos caminhoneiros que querem trabalhar.

Os bloqueios nas rodovias chegaram ao nono dia mesmo após o presidente Michel Temer anunciar medidas para reduzir o preço o diesel. No entanto, as interdições permanecem em vários pontos das rodovias do país. Segundo o governo, as manifestações restantes são de "cunho político".

O grupo acompanhou a comissão geral no plenário da Câmara dos Deputados convocada para discutir a crise dos combustíveis e depois deu entrevista à imprensa.

"Nós ainda temos muitos pontos de estrangulamento. Caminhões que estão sendo sequestrados, chaves roubadas de dentro dos caminhões para que os caminhoneiros não possam sair. A gente entende o esforço que o governo e as Forças Armadas estão fazendo, mas precisa mais concentração para que essa greve se resolva o mais rapidamente possível", cobrou a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Ricardo Santin, vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), classificou de "práticas terroristas" o roubo das chaves dos caminhões para evitar que os caminhoneiros voltem ao trabalho.

"Há bandidos infiltrados nestes movimentos que não estão deixando o povo trabalhar", afirmou.

Ele pediu uma ação mais enérgica do governo. "A polícia está só acompanhando para manter a ordem das manifestações, mas não há que se fazer isso. Não há nenhuma prisão até agora", afirmou.

Por conta da falta de combustível, nenhuma usina de cana de açúcar está operando no estado de São Paulo, de acordo com Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Única).

"A partir de hoje, não teremos nenhuma usina de cana de açúcar mais operando. Então, encerra-se a produção de um combustível brasileiro que tem ajudado a limitar aumento de preço de gasolina", alertou.

Para Fábio de Sales Meireles Filho, do Instituto Pensar Agro (IPA), que representa cerca de 40 entidades do agronegócio entre leite, carne, suínos, ovos, álcool, etanol e açúcar, não será possível recuperar os impactos do desabastecimento em um curto prazo.

"Estamos chegando num limiar em que precisamos destravar o país. Precisamos que quem queira trabalhar volte ao trabalho", disse. "Não podemos permitir esta baderna".

De acordo com Gustavo Beduschi, da Associação Brasileira de Laticínios, foram jogados fora mais de 360 milhões de litros de leite neste período de greve.

Ele avalia que o impacto é de mais de R$ 1,2 bilhão. "Praticamente todos os nossos associados estão com as fábricas paradas porque, além de não chegar a matéria prima, não tem insumos também para rodar a fábrica. A gente estima que, a partir do momento em que cessar a greve, vai demorar cerca de um mês para voltar à normalidade", disse.

O setor de criação de suínos também tem sido bastante impactado, segundo Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos.

"Nossos estoques já acabaram. Já vamos ter um prejuízo irreparável na cadeia da suinocultura brasileira. Estão prendendo os caminhões de insumos para as rações", afirmou.

Fonte: G1


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