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Falta semente de trigo em todo o Sul do Brasil

Nos últimos meses, a produção e o mercado do trigo sofreram uma grande reviravolta. Segundo diversos profissionais do setor agrícola no Sudoeste, tudo prometia um ano ruim para esta cultura no Brasil.

Segundo André Bazuch, técnico agrícola da Peron Ferrari S/A Comércio de Cereais, de Santo Antônio, a produção ruim do ano passado - por causa de um inverno muito ameno - fez com que boa parte dos produtores repensasse o plantio de trigo e reduzisse suas áreas plantadas e desacreditasse no rendimento do grão.

No entanto, bem recentemente, dois fatores alteraram completamente essa perspectiva. O primeiro foi La Niña, fenômeno natural que causou o resfriamento da região e que promete frio intenso nesse inverno - condição ideal para a produção de trigo.

O segundo fator foi um repentino aquecimento do mercado. De acordo com Angelo Guilherme Simonato, gerente e engenheiro agrônomo da Altemir Insumos Agrícolas, de Bom Sucesso do Sul, "o mercado estava bem abaixo, mas agora, nos últimos dois meses, ele teve uma elevação muito grande". Grande a ponto de agora a saca de 60 quilos custar em média R$45,87 (informações da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento no dia 20/06).

Com essas informações, muitos agricultores resolveram plantar o produto de última hora - e muitos desses acabaram ficando sem semente. André Bazuch comenta: "A gente tava até com a semente meio sobrando aqui, mas de última hora apareceram esses agricultores e foi tudo. Não chegou a faltar muito, porque a gente conseguiu produzir bem sementes no ano passado, mas um monte desses que vieram ficaram sem sementes".

"Nas cooperativas da região não existe mais semente de trigo para os produtores que decidiram plantar de última hora", afirma ainda Eucir Broco, diretor a Coopertradição, de Pato Branco.

E Angelo Simonato reforça: "Temos contato com todo o país e essa falta é generalizada. Já tem meses que as primeiras variedades não estão à disposição em lugar nenhum, e até as variedades menos procuradas, que ficam como última opção para o produtor, já terminaram também".

Ainda segundo os profissionais, o aumento na procura não foi o único motivo para essa falta de sementes agora. Assim como ano passado foi um ano difícil para produzir trigo, foi também um ano complicado para a produção de sementes.

A produção foi tão defasada que a Peron Ferrari, que teve sorte de produzir um pouco a mais, chegou a vender para todo o Sul, para cobrir essa demanda por sementes.

Área plantada ainda vai ser menor do que a de 2015

Mesmo com esse repentino crescimento, a área plantada com trigo deve ser menor do que a do ano passado. "Como o pessoal não estava esperando essa melhora, eles já plantaram outras coisas, como aveia, então não vai ter tanta área de trigo", comenta André Bazuch, técnico agrícola.

Segundo o chefe do escritório regional da Seab em Pato Branco, Ivano Carniel, a Secretaria reviu para cima sua projeção de plantio de trigo neste ano, mas mesmo assim a área plantada deverá ficar 15% menor. No ano passado a região de Pato Branco plantou 175, 9 mil hectares, para uma estimativa de 160 mil hectares neste ano, gerando uma produção do cereal de 2,8 milhões de kg/hectare.

Na região dos núcleos da Seab de Francisco Beltrão-Dois Vizinhos, devem ser plantados 100 mil hectares, uma retração de 10% em relação à safra passada. Até agora cerca de 97% das áreas destinadas à cultura já foram plantadas. No entanto, apesar da retração, a expectativa é de uma produção de trigo bem maior do que a do ano passado. "Vai plantar um pouco menos, mas com o La Niña e esse clima frio, que é o melhor para o trigo, o rendimento vai ser maior", avalia o engenheiro agrônomo, Angelo Simonatto.

Fonte: Jornal de Beltrão


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