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Greve: Agronegócio quer que governo entre na Justiça por danos ao setor

O Ministério da Agricultura deve propor na semana que vem ao governo que entre na Justiça contra líderes de caminhoneiros e manifestantes por reparação de danos causados ao agronegócio pelos bloqueios de rodovias, apurou o Valor.

Para isso, a pasta está levantando os prejuízos acumulados durante esses cinco dias de greve e já estimados por diversas entidades do setor agropecuário. A ideia é que, com base na estimativa dos impactos econômicos ao setor, o Executivo peça o ressarcimento desses prejuízos.

O principal argumento da medida judicial, que será recomendada à Advocacia-Geral da União (AGU), é que as paralisações de caminhoneiros causaram cerca de 50 obstruções em rodovias cruciais para o escoamento de produtos agropecuários como carnes, leite, frutas e insumos agropecuários para a criação de animais.

No fim da tarde desta sexta-feira (25), entidades do setor agropecuário informaram ao Ministério da Agricultura que 30 desses pontos de estrangulamento já estão sendo liberados, por conta do esvaziamento do movimento dos caminhoneiros em função da decisão do governo de mobilizar as Forças Armadas para desbloquear rodovias. 

De acordo com dados já repassados ao Ministério da Agricultura, a indústria de rações animais prevê prejuízos de R$ 1,3 bilhão gerados esta semana pela falta de matérias-primas que pararam a produção nas fábricas. Os números são do Sindirações, que representa o setor. Já a Viva Lácteos, que reúne os principais laticínios do país, estima prejuízos de R$ 180 milhões por dia, por conta do desabastecimento de insumos, combustíveis e embalagens necessários para o processo de produção de lácteos.

A Abrafrigo, que representa pequenos e médios frigoríficos, estima um prejuízo diário de R$ 500 milhões. A avaliação de entidades do agronegócio - - que inicialmente chegaram a apoiar o movimento dos caminhoneiros, sobretudo o pedido para redução da carga tributária sobre o óleo diesel - - é que os bloqueios têm que ser encerrados totalmente até o início da próxima semana.

Bancada ruralista reage

Depois de apoiar num primeiro momento as greves de caminhoneiros que afetam estradas e o abastecimento no país, a bancada ruralista reavaliou sua posição e passou a defender nesta sexta-feira o fim das paralisações. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou nota hoje dizendo que apoia o "legítimo" movimento dos caminhoneiros, mas manifestou "grande preocupação" com o bloqueio do transporte de cargas vivas, remédio, combustíveis, alimentação nas rodovias. "Não se pode perder o foco e deixar que uma manifestação com início ordeiro, pacífico e organizado incentive o caos e o desabastecimento generalizado dos cidadãos", diz a FPA, mais conhecida como bancada ruralista.

Cerca de 10 deputados ruralistas estiveram nas várias reuniões ocorridas nesta semana com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, apoiando sobretudo a principal pauta de reivindicações dos caminhoneiros, que é a alíquota zero para os tributos Cide e PIS/Cofins sobre o óleo diesel. "Sou sensível à causa dos caminhoneiros, mas tudo tem limite.

O problema é que as greves já estão afetando o campo, porcos e galinhas estão morrendo por falta de ração que não chega às granjas, e as cooperativas estão tendo altos custos para armazenar produção", disse ao Valor o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), um dos mais atuantes da bancada ruralista e que esteve nas reuniões no Palácio do Planalto com os caminhoneiros. Souza e outros deputados já avaliam que, se até o meio da semana parte da população estava a favor dos caminhoneiros por conta da alta do diesel, agora o consumidor começa a ser afetado diretamente pela falta de combustíveis nos postos, voos cancelados, e diminuição de alimentos e medicamentos no comércio.

O apoio até ontem dos ruralistas também estava ligado à posição favorável aos caminhoneiros por parte das principais entidades do setor do agronegócio, entre as quais a Aprosoja Brasil, que representa os produtores de soja do país. Porém, fontes do Congresso avaliam que a mudança de discurso dos parlamentares foi desencadeada a partir da noite de quinta (24), quando o governo anunciou um acordo com entidades que representam caminhoneiros e transportadores autônomos para cessarem as greves.

As paralisações seguiram hoje normalmente, porém o presidente Michel Temer determinou que as Forças Armadas desbloqueiem rodovias após nova reunião de governo hoje pela manhã. "A sensação no próprio setor do agronegócio é que as greves vão se esvaziar depois desse endurecimento do governo", disse uma fonte ligada aos ruralistas.  

Fonte: Valor Econômico


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