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Histórico do La Niña mostra quebra de safra em soja, milho, trigo, arroz e cana

O histórico dos quatro últimos episódios do La Niña mostra quebras na produção das principais culturas agrícolas no Brasil, entre elas soja, milho, trigo, arroz e cana. O balanço foi divulgado, em fevereiro, pelo Bradesco.


A informação é importante porque, segundo serviços especializados em clima, a probabilidade da chegada de um novo fenômeno meteorológico La Niña a partir de julho já passa dos 75%.


O tamanho dos prejuízos às lavouras, no entanto, depende da intensidade e da duração do fenômeno. As quatro ocorrências analisadas tiveram duração de 7 meses a 3 anos, com efeito negativo sobre as culturas de grãos e açúcar, sobretudo a partir do segundo ano de duração.


Em todos os episódios, alguma cultura foi afetada em termos globais e no Brasil. Em boa parte dos casos, mesmo quando não houve quebra generalizada de safras, observou-se alta dos preços agrícolas internacionais, também se refletindo em preços pressionados também no Brasil.


Em geral, o La Niña altera o regime de chuvas em regiões produtoras importantes do Brasil, como o Sul e o Nordeste. Para 2024, o quadro de oferta segue favorável para os preços de alimentos, mesmo sob influência do El Niño, com crescimento da safra global.


A exceção ocorreu no episódio 3, entre out/17 e abr/18, quando, apesar de quebras de safra, os preços de alimentos se mantiveram bem-comportados. Este episódio foi o de menor intensidade e duração dos últimos anos.


Segundo os autores do estudo, é importante chamar atenção para algumas especificidades desses períodos.


“O último episódio, ocorrido durante a pandemia, teve outras questões afetando preços, como a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, que além de reduzir a oferta de grãos, ainda resultou em elevação dos preços de insumos”, diz o relatório.


No primeiro episódio, houve algo bastante particular também: a safra global de arroz foi reduzida nos dois anos anteriores ao La Niña, o que já vinha pressionando os preços.


Com risco de desabastecimento e impactos inflacionários, diversos países produtores embargaram as exportações de arroz, agravando a pressão sobre as cotações.


Os embargos de exportação também ocorreram de forma mais generalizada no início da pandemia, para garantir abastecimento nos países. Arroz, trigo e milho foram os principais produtos embargados em 2020.


Portanto, além de efeito da anomalia climática, houve também questões ligadas à segurança alimentar que podem explicar o impacto nas cotações globais nesses períodos.


Impactos na inflação dos alimentos


Em vigor desde meados do ano passado, os efeitos do fenômeno El Niño¹ já foram sentidos sobre a produção brasileira de grãos e sobre os preços de alguns alimentos neste início de ano.


No Brasil, a observação dos episódios anteriores indica que pode haver problema em algumas culturas, sobretudo se o evento se prolonga por mais de 2 anos.


“Repetindo o padrão de alguns dos últimos episódios de La Niña, a inflação de alimentos poderia superar 10% em algum momento nos próximos anos”, finaliza o documento.


Fonte: Agrofy News


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