Notícias setorial/mercado

Marca e preço baixo impulsionam o consumo de alimentos

A crise econômica forçou os consumidores a mudar alguns hábitos alimentares, nos últimos sete anos, a partir das transformações econômicas e das mídias sociais. Esta é a conclusão da pesquisa "A mesa dos brasileiros: transformações, confirmações e contradições", realizada pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgada na quarta-feira (23/5), na capital paulista.

"Uma das principais mudanças foi a importância do preço baixo na hora da escolha de alimentos", afirmou Antonio Carlos Costa, gerente do Deagro, durante o encontro para apresentar a pesquisa. Para se ter uma ideia, no estudo anterior, divulgado em 2010, o consumidor preferia produtos mais nutritivos e enriquecidos com vitaminas aos mais baratos. "Como no estudo anterior, os brasileiros defendem a marca na qual ele confira e atribui características como segurança e confiabilidade", diz Costa.

O  estudo foi realizado com base em entrevistas com 3 mil pessoas em 12 capitais (Manaus, Belém, Brasília, Goiânia, Salvador, Fortaleza, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo) e nas cidades paulistas de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

Cerca de 70% dos entrevistados assumiram que haviam mudado algum hábito de compras e consumo de alimentos por causa da crise. Mulheres, internautas e pessoas das classes, por exemplo, passaram a dar prioridade aos alimentos em promoção, a fazer mais pesquisas de preço antes de comprar, além de cozinhar mais em casa.   Segundo o estudo, 63% querem manter alguns desses novos hábitos, em especial as mulheres (65%), seguidas pelos homens (61%) e pela classe baixa (58%).

Conforme a pesquisa, em sete anos houve uma inversão entre a importância da TV e da internet como fontes de informação sobre alimentação. Em 2010, a principal fonte de informações era a TV, com 40%, enquanto a internet ficou com 19%. Na pesquisa de 2017, essa relação mudou. A internet ganhou a preferência de 40% dos entrevistados enquanto a TV ficou em segundo lugar, com 24%.

O nível de conhecimento sobre a maioria dos termos relacionados à alimentação aumentou em sete anos. Uma lista encabeçada pelos termos "orgânicos", que evoluíram de 40% para 60%, "sustentabilidade", de 27% para 48% e "emissões de carbono", de 21% para 35%.

IMPORTÂNCIA DA PESQUISA

"Essa pesquisa vai direcionar o mercado", afirma Paulo Skaf, presidente do sistema Fiesp/Ciesp. Segundo ele, a cadeia de alimentos é responsável por um grande PIB, é geradora de empregos e se preocupa com a nutrição. "Educação alimentar e inovação vieram para ficar."

Por sua vez, Luiz Preti, presidente da Cargill Brasil, lembrou que o Brasil responde por 9% da produção mundial de alimentos e que, em 2017, a agroindústria contribuiu com 24% do PIB e 44% das exportações. Preti considera importante quesitos como inovação, sustentabilidade e saudabilidade. "A marca é muito importante, daí a necessidade de investir em qualidade."

Já Jacyr Costa Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Cosag), afirma que o Brasil alimenta cerca de um bilhão de pessoas no mundo e o agronegócio tem um papel muito importante. "A tendência de mercado é atender os nichos e as características de cada consumidor (orgânico, vegano), além do consumidor popular", comenta. "Para isso, é preciso produzir com muita segurança, a custo competitivo para alimentar essa massa de consumidores."

Renato Dolci, especialista em transformação digital, disse que há excesso de informações disponíveis e, ao mesmo tempo, tem aumentado a busca por informações. Para Dolci, a indústria de alimentos é a principal vítima de notícias falsas, as chamadas fake news, destacou. Em sua opinião, o gourmet e a busca por informações são tendências que vieram para ficar. "Mas é preciso entrega na qualidade e transparência."

Fonte: Safra


COMPARTILHE: