Neste Dia do Cerealista, comemorado em 1º de agosto, análise do Itaú BBA indica a volta das margens médias aos produtores brasileiros de trigo, visto que os fundamentos não garantem altas significativas dos preços do cereal na bolsa de Chicago e o clima no final da temporada pode alterar a qualidade do cereal a ser colhido. A margem agrícola é calculada pelo banco em R$ 615 por hectare, na comparação com R$ 1.417 por hectare em 2022/23 e R$ 1.871 em 2021/22.
Para chegar a esta conclusão, o Itaú BBA leva em consideração uma rentabilidade média de 50 sacas por hectare e um custo agrícola de R$ 3.665 por hectare em 2023/24, na comparação com R$ 4.713 e 2022/23 e R$ 3.041 em 2021/22. O preço médio do cereal é previsto em R$ 86 a saca nesta safra, R$ 123 no ciclo passado e R$ 96 em 2021/22.
Em relatório, o banco diz que a condição climática durante a colheita de trigo, com possibilidade de excesso de chuvas, pode reduzir o Ph do cereal. A estocagem é outro ponto de atenção, visto que o custo de carrego ainda deve continuar alto, ou seja, “a negociação ao longo dos meses pode aumentar o giro do caixa para a próxima safra de verão e trazer liquidez”.
O Itaú BBA considera a estimativa de produção da consultoria Safras & Mercado para o Brasil em 2023/24, com 12,5 milhões de toneladas.
Do lado dos preços, caso a produção recorde se concretize, e mesmo que as exportações enxuguem o balanço doméstico, o câmbio pode não ajudar na paridade. “Além disso, o nosso principal fornecedor, a Argentina, também caminha para uma disponibilidade maior do cereal”, diz o texto. O preço mínimo do cereal para esta safra é de R$ 79,20 a saca (equivalente a R$ 1.320 a tonelada).
Exterior
No cenário externo, o banco ressalta que, nos EUA, apesar da área destinada à cultura na safra 2023/24 ser 6,2% maior em relação à temporada anterior, com 15,2 milhões de hectares, o balanço doméstico deverá ficar mais apertado. A produtividade é estimada em 3,1 toneladas/ha (51,6 scs/ha), 3,5% menor que a do ciclo anterior. Com isso, a produção americana deverá ser de 7,3 milhões de toneladas, 5,4% acima da safra 2022/23, enquanto o consumo destinado às rações deverá crescer 27%, indicando uma relação estoque/consumo apertada historicamente.
Por outro lado, a competição no mercado externo com o trigo russo, que tem grande disponibilidade, mitigaria possíveis elevações.
Na Argentina, principal fornecedor de trigo ao mercado brasileiro, o El Niño pode ajudar a retomar a produtividade, que sofreu no último ano com falta de chuvas. O umento estimado para a produção é 24% em relação a 2022/23, com um total 16,9 milhões de toneladas.
Fonte: Globo Rural