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Mercado do trigo apresenta cenários contrastantes no Brasil enquanto Chicago reage com alta técnica

Produção nacional de trigo mostra ritmos diferentes entre os estados do Sul

O mercado brasileiro de trigo vive momentos distintos entre os principais estados produtores da região Sul, conforme levantamento da TF Agroeconômica nesta terça-feira (15). Enquanto o Rio Grande do Sul mantém o foco nas exportações e nas entregas internas, Santa Catarina avança com uma colheita ainda tímida, e o Paraná enfrenta perdas de qualidade em parte das lavouras devido ao excesso de chuvas.


No Rio Grande do Sul, a colheita segue em ritmo lento, com apenas 0,5% das áreas colhidas, o que representa cerca de 16 mil toneladas disponíveis, concentradas principalmente na região Norte. A volatilidade do câmbio favorece o avanço das exportações, que já somam 190 mil toneladas, impulsionadas por novos contratos fechados. No mercado interno, moinhos voltaram a pedir entregas de contratos futuros e realizar compras pontuais entre R$ 1.050 e R$ 1.070 por tonelada nas regiões das Missões e Tenente Portela. Para os produtores, os preços recuaram levemente, com a saca variando entre R$ 60,00 e R$ 62,00.


Em Santa Catarina, a colheita também avança lentamente e os volumes comercializados ainda são modestos. Produtores pedem cerca de R$ 1.250 por tonelada (FOB) pelo trigo novo, enquanto compradores mantêm ofertas semelhantes no CIF, sem fechamento de novos negócios. O último registro de venda foi de um pequeno lote de trigo branqueador do Cerrado negociado a R$ 1.600 CIF. No campo, os preços ao produtor também caíram, variando entre R$ 62,00 e R$ 70,50 por saca, conforme a praça.


No Paraná, os primeiros lotes colhidos exibem boa qualidade, mas as chuvas recorrentes afetaram parte das lavouras, reduzindo o pH dos grãos e elevando o volume fora do padrão de comercialização. De acordo com o Deral, a colheita está na fase final, mas áreas ainda podem sofrer novas perdas se o tempo não firmar. Os preços pagos aos produtores caíram 2,52% na semana, com média de R$ 64,94 por saca, valor inferior ao custo de produção estimado em R$ 74,63. Especialistas reforçam que o uso de contratos futuros pode garantir margens mais seguras e evitar prejuízos no pico da colheita.


Trigo sobe em Chicago após tocar menor patamar desde 2020

No mercado internacional, o trigo negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) encerrou a sessão de terça-feira (15) em alta, após registrar no pregão anterior o menor preço desde 2020. O movimento foi interpretado como uma recuperação técnica, apoiada pela desvalorização do dólar frente a outras moedas, o que torna o cereal norte-americano mais competitivo no mercado global.


A recente queda dos preços refletia a ampla oferta mundial, especialmente com o avanço das exportações da Rússia, principal fornecedora global, que acelerou seus embarques após um início de temporada mais lento. Em paralelo, as colheitas em outras regiões produtoras continuam pressionando as cotações.


De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as inspeções de exportação de trigo somaram 444.138 toneladas na semana encerrada em 9 de outubro, ante 548.223 toneladas na semana anterior. No mesmo período do ano passado, o total havia sido de 380.134 toneladas. No acumulado do ano-safra, iniciado em 1º de junho, os embarques totalizam 10,66 milhões de toneladas, frente a 9,02 milhões no ciclo anterior.


Os contratos para dezembro encerraram cotados a US$ 5,00 ¼ por bushel, alta de 0,70% em relação ao fechamento anterior. Já os papéis com entrega em março de 2026 subiram 0,68%, para US$ 5,16 ¾ por bushel, consolidando o movimento de recuperação técnica após semanas de pressão baixista.


Perspectivas para o mercado

A combinação de instabilidade climática no Sul do Brasil e de movimentos cambiais globais deve manter o mercado de trigo em um cenário de atenção nas próximas semanas. A expectativa é que a colheita avance gradualmente, mas o comportamento dos preços dependerá da demanda dos moinhos, da qualidade final do grão e das tendências internacionais lideradas por Chicago.


Fonte: Portal do Agronegócio


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