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Micotoxinas no trigo: boas práticas podem evitar contaminação e riscos à saúde humana e animal

As micotoxinas são compostos químicos produzidos por fungos, que se fixam em grãos - como o trigo - para crescer e proliferar. Essas substâncias são tóxicas e, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), são um dos grandes responsáveis pela contaminação mundial de alimentos, cerca de 25% dos casos. Além de estragar os alimentos produzidos com os grãos infectados, a presença dessas micotoxinas é prejudicial tanto à saúde humana quanto de animais, podendo causar náuseas, vômitos e problemas em diversos órgãos, tais como os rins, o fígado e o cérebro.


De acordo com a Embrapa, no caso do trigo, três micotoxinas são as mais importantes: deoxinivalenol (DON) e zearalenona (ZEA) e ocratoxina A (OTA). As duas primeiras estão relacionadas a fungos do complexo Fusarium graminearum. A última está associada aos fungos Penicillium verrucosum e Aspergillus ochraceus, que podem aparecer durante a armazenagem. A contaminação mais frequente é por DON devido às epidemias constantes de giberela, causada pelo fungo Gibberella zeae em lavouras de inverno.


A principal preocupação com relação a esse tipo de substância é a sua fácil forma de introdução nos metabolismos. A intoxicação pode ocorrer de forma direta, pelo consumo direto do grão infectado, ou indireta, através de algum subproduto ou derivado. Por isso, de acordo com pesuisadores, é importante combater a contaminação por micotoxinas.


É um trabalho que começa no campo, mas envove todo o processo produtivo, passanado pelo manejo pós-colheita e pelo processamento. De acordo com estudos feitos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), boas práticas e estratégias de manejo na triticultura são importantes para manter as micotoxinas longe da plantação. Conheça algumas.


Escolha da cultivar


A Embrapa indica que “a primeira orientação é escolher uma cultivar que apresente algum nível de resistência. Mesmo que não seja totalmente imune ao fungo, a melhor tolerância vai ajudar no controle”, destaca o pesquisador José Maurício Fernandes. Selecionando variedades com menor ocorrência de fungos, é possível diminuir as chances de intoxicação. Isso é importante, em especial, no combate ao tipo Giberella zeae, responsável pela contaminação por DON, um dos maiores perigos gerados pelas micotoxinas no trigo.


Escalonar a semeadura


De acordo com a publicação da Embrapa, é durante o período de espigamento que o grão sofre o maior risco de infecção. Assim, é recomendável que se divida em grupos a plantação, com cultivares de ciclos diferentes, evitando que toda a lavoura tenha espigamento na mesma época. Escalonando a semeadura, reduz o risco de infecção por giberela em toda a plantação. 


Controle químico


Segundo os pesquisadores, os fungicidas podem combater entre 50% e 80% dos casos de doenças provocadas pelas micotoxinas. Mas precisam ser aplicados de forma preventiva. Ao observar as previsões climáticas e fazer uso de modelos que simulam o risco de epidemias, afirma o pesquisador José Maurício Fernandes.


Fonte: Globo Rural


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