Notícias setorial/mercado

Oferta ajustada gera cenário desafiador nos EUA, diz analista da U.S. Wheat

Os preços do trigo dos Estados Unidos devem seguir em patamares elevados devido ao aperto da oferta. Tomando como base o trigo hard vermelho de inverno, o mais produzido no país, e negociado na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), a situação é bastante ajustada, pois a cultura vem de dois anos consecutivos de seca. A alta nas cotações resulta numa redução na demanda pelo produto.


A analista de mercado da U.S. Wheat Associates, Tyllor Ledford, que concedeu entrevista exclusiva à Agência SAFRAS, tem a esperança de que a safra do ano que vem seja maior. Por enquanto, o quadro segue desafiador. A volatilidade é o maior risco, no momento. “Por isso, falamos aos nossos clientes sobre a importância do gerenciamento de risco”, disse.


Variações exageradas


A CBOT é referência na formação internacional de preços. Ainda que o Brasil importe predominantemente o trigo soft, variedade negociada na Bolsa de Kansas, as oscilações de Chicago impactam diretamente nos movimentos do mercado brasileiro.


Ledford explica que a CBOT é mais líquida: é através dela que muitas instituições financeiras se posicionam no mercado, e não necessariamente precisam comprar ou vender a commodity. Devido a essa liquidez e ao volume de agentes negociando, suas variações são mais exageradas na comparação com Kansas, por exemplo.


Guerra na Ucrânia


A analista observa que os preços globais do trigo dependem do cenário macroeconômico mundial, levando em consideração as tensões geopolíticas, o clima nos principais países produtores, além de oferta e demanda. Atualmente, no entanto, o que vem comandando os movimentos é a guerra na Ucrânia.


O vice-presidente de comunicações da U.S. Wheat, Steve Mercer, também participou da entrevista e concorda que as questões envolvendo a oferta já estão bem definidas. “Meu sentimento é de que Putin espirra e o preço muda”.


Pressão sazonal


Sobre a tendência para o movimento dos preços nos Estados Unidos até o fim da colheita, a analista, Tyllor Ledford, acredita em uma pressão sazonal de oferta, mas, ao mesmo tempo, muitos dos compradores internacionais do trigo estadunidense estão esperando o encerramento dos trabalhos para tomarem suas decisões de compra.


“Vemos muitos dos clientes segurando as compras até terem mais informações sobre a safra e sobre as características de qualidade. Isso é diferente de anos anteriores, quando alguns reservavam carregamentos com seis meses de antecedência. Agora, com a volatilidade, eles esperam”, explicou. “Por isso, é difícil dizer como os preços vão se movimentar. É mais fácil prever a cotação doméstica, que não sente tanto os efeitos da geopolítica global”, salientou.


A menor demanda externa pelo trigo dos Estados Unidos deve ajudar a preservar os estoques do país. “Quando as taxas estoque-consumo começam a cair, o mercado fica desconfortável. Nos últimos anos, vimos uma demanda superando os estoques nos EUA”, ela acredita que ainda há muito para acontecer, em especial com a colheita de primavera ainda em estágios iniciais no país.


Sem a ocorrência de eventos climáticos extraordinários, a tendência é de queda sazonal nos preços do país. Mesmo assim, as cotações seguiriam elevadas em relação a anos anteriores e ao concorrente trigo russo.


Fonte: Safras & Mercado


COMPARTILHE: