Com a semeadura praticamente estabelecida em todo Brasil, o 11º Acompanhamento da Safra de Grãos realizado pela Conab mostra expansão na área plantada, particularmente no Centro-Sul do Brasil. Em contraste com essa expansão, observa-se uma queda na produtividade, especialmente em Goiás. Dessa forma, a colheita do cereal é estimada em 10.409,5 mil toneladas, uma diminuição de 1,4% comparada à safra anterior.
Em relação às condições climáticas, há relatos de uma grande variação nas condições das lavouras de trigo. Isso decorre, principalmente, das oscilações climáticas em diversas regiões produtoras, sobretudo a falta de frio.
Rio Grande do Sul: Em terras gaúchas, o mês de julho marcou o encerramento da semeadura das lavouras de trigo. Embora grande parte das lavouras esteja em boas condições, os altos índices de temperatura têm acelerado o crescimento da planta. Essa aceleração, somada ao excesso de umidade, levou ao aparecimento de doenças fúngicas e pragas. Os nevoeiros intensos também causaram problemas, como o acamamento das plantas. Com o clima impactando os tratos culturais e o controle de invasoras e pragas tornando-se uma preocupação, a expectativa de produtividade mantém-se cautelosa.
Paraná: A cultura está em sua totalidade semeada no estado. Embora a maioria das lavouras esteja em boas condições, regiões ao norte enfrentam desafios devido à baixa disponibilidade de água no solo.
Santa Catarina: O inverno atípico trouxe temperaturas mais altas, potencializando o surgimento e disseminação de doenças. No entanto, mesmo com a umidade excessiva favorecendo doenças foliares, as lavouras mantêm-se em boa qualidade.
Goiás: O estado enfrentou uma queda na umidade dos grãos, principalmente devido ao tempo seco na segunda quinzena de julho, o que pode impactar a produtividade da colheita.
Mato Grosso do Sul: A região recebeu chuvas oportunas e temperaturas amenas, porém ainda são necessárias mais precipitações para manter o índice de produtividade projetado. Problemas pontuais, como a brusone, surgiram em algumas lavouras.
Distrito Federal: As previsões são otimistas, com uma produtividade média estimada ponderada de 3.796 kg/ha. A colheita do trigo irrigado se aproxima e promete apresentar boa qualidade.
Minas Gerais: O otimismo ronda a região com expectativas de produtividades superiores à safra anterior. Problemas de sanidade, como brusone e lagartas, surgiram, mas foram prontamente controlados.
Bahia: O estado promete manter a produtividade da safra passada, com foco especial nas lavouras irrigadas. O manejo conservacionista, aliado à alta tecnologia e à rotação de culturas, destaca-se na região.
Impactos dos clima nos próximos meses
Os próximos meses serão cruciais para o desenvolvimento do trigo, além disso, a estimativa é de que a colheita avance ainda em Setembro nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Ao passo que os principais produtores na região sul avançam para os estádios de Enchimento de Grãos e Maturação, com expectativa da colheita ter as maiores atividades no mês de novembro.
Neste cenário, a colheita em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul, deve avançar sendo favorecida pelas condições climáticas. Por outro lado, o enchimento de grãos e a maturação nos estados da região sul, podem ocorrer sob um regime de chuvas acima da média. Ambiente que traz um aumento na pressão de doenças e pragas, além de interferir na maturação.
Já em relação às temperaturas, são esperados valores acima da média em todas as regiões produtoras. Isso, como já indicado no monitoramento de julho, também traz impactos negativos no desenvolvimento das lavouras de trigo.
A temperatura afeta a taxa de desenvolvimento do cultivo desde a emergência até a maturação fisiológica. Temperaturas mais elevadas aceleram o desenvolvimento, com efeitos, por exemplo, na antecipação da floração.
Outro ponto que deve ser monitorado com mais atenção, também refere-se a previsão de chuvas acima da média durante as operações de colheita, que devem atrapalhar o ritmo e dificultar a armazenagem do cereal.
Fonte: Agrolink