De acordo
com dados da análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e
de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), no Brasil, os preços do cereal
continuam estáveis, girando ao redor de R$ 60,00/saco no Rio Grande do Sul e R$
64,00 no Paraná. Houve um leve movimento de alta no início de abril, para o trigo de qualidade superior, porém, o
mesmo não mostrou, ainda, consistência. A desvalorização recente do Real deixa
o trigo importado mais caro, fato que ajuda a sustentar os preços do cereal
nacional. Neste sentido, dependendo do que o país terá no próximo plantio, a
partir de setembro no Paraná, existe potencial para uma alta nos preços do
trigo até o final do ano, porém, sendo difícil de medir sua intensidade. Para o
Rio Grande do Sul, se avança, por enquanto, valores que podem ir até R$
65,00/saco.
O que preocupa agora, além da falta de produto de qualidade e dos baixos
preços, é a forte quebra na produção de sementes na colheita passada. O Rio
Grande do Sul teria perdido 50% desta produção, enquanto o Paraná perdeu 20%.
Isto deverá aumentar novamente o custo de produção das futuras lavouras.
Segundo produtores gaúchos, “de 100 toneladas de trigo que se levava para a UBS
(Unidade de Beneficiamento de Sementes), se tirava 80 toneladas de sementes.
Agora, foram apenas 50 toneladas. E não têm a qualidade ideal.” Já a Associação
dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul
(Apassul) informa que, para a safra 2024, estarão disponíveis 138.000 toneladas
de sementes certificadas de trigo, volume suficiente para abastecer uma área de
cultivo próxima a 1 milhão de hectares.
Enquanto
isso, a estimativa da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas
(Apasem), é de que deixarão de entrar no mercado cerca de 30.000 toneladas de
sementes de trigo por falta de qualidade, e o volume existente será suficiente
para o plantio de 1,1 milhão de hectares no Paraná. A Apassul gaúcha estima que
a taxa de uso de semente certificada nesta safra será de 78%, a maior da sua
história, indicando que o uso de semente “salva” (aquela guardada pelo produtor
de trigo para uso exclusivo em sua lavoura) não será significativo pelo risco
de investir em semente de baixa qualidade.
Em tal contexto, o cenário nacional para a futura safra de trigo deve ser de muita cautela por parte dos produtores. Será necessário muito cálculo e gestão econômica, junto às propriedades, na hora da tomada de decisão de plantar e quanto plantar nesta nova safra de inverno. Pois além de toda a questão econômica e de preços, ainda há a imprevisibilidade climática.