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Rússia pressiona por troca de grãos do BRICS

A Rússia está instando os BRICS, uma aliança comercial de nove países emergentes, a estabelecer uma bolsa de grãos interblocos. O propósito oficialmente declarado da aliança é facilitar o comércio entre os estados membros, mas analistas alertam que a nova estrutura buscará se tornar um análogo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para o mercado global de grãos, com o objetivo de influenciar os preços livres.


A União Russa de Exportadores de Grãos (RUGE) primeiro expressou a ideia de estabelecer uma bolsa de grãos interBRICS em dezembro de 2023, em preparação para a histórica expansão do bloco. Em 1º de janeiro de 2024, a aliança formada inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul recebeu em seus quadros Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita foi convidada a ingressar na aliança e está considerando se tornar membro.


A proposta não chamou muita atenção até março, quando foi apoiada pelo presidente russo Vladimir Putin. Durante uma reunião com agricultores russos, Putin disse: "Todos os preços de referência (de grãos) são definidos nos EUA e na Europa, por exemplo, em Paris. Quantos grãos os franceses produzem? Acredito que menos do que nós. E ainda assim, de acordo com a tradição, os preços de referência são formados lá".


Putin chamou a existência dos preços no mercado global de grãos de injusta, acrescentando que a ideia de estabelecer uma bolsa de grãos dos BRICS é boa, e prometendo trabalhar nisso em nível governamental.


A RUGE espera que a bolsa de grãos dos BRICS esteja tecnicamente pronta até outubro de 2024, disse recentemente Eduard Zernin, chefe da RUGE, à Reuters. Zernin acrescentou que a palavra "bolsa" é usada apenas como referência, e a Rússia planeja estabelecer um mercado digital moderno e de alta tecnologia.


Além disso, afirmou que, durante as discussões da iniciativa em nível nacional, ela foi apoiada pelas comunidades empresariais de todos os países dos BRICS. Ainda assim, essa afirmação talvez deva ser vista com um pouco de ceticismo. Enquanto a Rússia considera lucrativa a venda de grãos por meio de canais alternativos potencialmente à prova de sanções, a justificativa para participar do projeto para outros países dos BRICS é menos clara.


Fonte: Agrolink


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