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Tendência das commodities é de alta e pequena queda pode ser aproveitada

A ideia de identificar uma tendência e fazer investimentos com base nela aponta para uma recuperação nas commodities como um todo. O Bloomberg Commodity Index sofreu correção de 10% diante da recuperação do dólar e de quedas acentuadas nas bolsas em mercados emergentes. O desconto contempla o potencial desaquecimento do crescimento da economia global devido a tensões comerciais. A volatilidade geralmente precisa de um catalisador e essa correção parece ser uma queda na tendência.

A correção de 23% no preço do cobre parece ter sido suficiente para limpar as posições compradas mais fracas, do mesmo modo que ocorreu com o petróleo no ano passado. O cenário para os preços agrícolas é praticamente o pior possível. Os preços dos grãos mostram resistência apesar da produtividade dos milharais nos EUA ser a maior já vista e da tempestade quase perfeita em termos macroeconômicos. O ouro parece ser negociado com desconto, se recuperando de um momento de firme suporte dentro da trajetória ascendente durante o ciclo de alta dos juros.

Do cobre ao trigo, as commodities devem retomar trajetória ascendente
O desconto nos preços das commodities por causa da turbulência no comércio internacional deve durar pouco. Os metais têm maior potencial de acompanhar a força dos preços de energia, particularmente se houver alívio na valorização do dólar e na volatilidade nos mercados emergentes. Os preços agrícolas sugerem que não há mais espaço para quedas.

Uma pequena queda na alta das commodities
A correção dentro desse bull-market parece ter chegado ao fim. Fatores paralelos ao tombo recente - a derrapada das ações na China e a recuperação do dólar - dificilmente se manterão nessa velocidade. O dólar amplo ponderado pelas trocas comerciais (22% com a China) se aproxima de um forte ponto de resistência, na máxima de 2016, que foi a maior em 14 anos. O MSCI China Index sofreu correção de 25%, a maior desde que atingiu um ponto mínimo em 2016.

O Bloomberg Commodity Spot Index (BCOM) teve correção de 10% e retornou a uma zona de firme suporte. Uma queda mais significativa e consistente poderia sinalizar um potencial fim da tendência ascendente, com implicações notáveis de um revés na retomada da economia global. A nosso ver, seria uma situação improvável. A expectativa é que o BCOM se dirija ao teto do intervalo observado em 2008-2011.

Foco macroeconômico favorece recuperação das commodities
Uma fraqueza consistente no mercado amplo de commodities seria altamente correlacionada com o prolongamento do movimento adverso nos mercados emergentes e no dólar, o que não é provável. A intensificação do tombo de 20% no MSCI Emerging Markets Index ou da recuperação de 7% no Bloomberg Dollar Index sinalizariam aproximação de um ambiente de crise. Em tal ambiente, a maioria dos ativos de risco sofre. A reversão à média e a continuidade da tendência sugerem que o Bloomberg Commodity Index vai se recuperar da correção de 10% observada neste ano, assim como ocorreu no ano passado.

O mercado de commodities começa a entrar em um território otimista, diferentemente das ações. Se a correção das commodities evoluir para algo maior, isso significaria riscos maiores para os ativos financeiros e para a tendência global de reflação. É importante notar que o rendimento do título do Tesouro americano com prazo de 10 anos não se sustenta acima de 3% quando o mercado de commodities está em declínio.

Metais e produtos agrícolas devem acompanhar força do petróleo
Metais e produtos agrícolas prometem acompanhar os produtos energéticos, que estão em plena aceleração e levantam o mercado de commodities como um todo. O segmento foi puxado pelo petróleo, que entra em consolidação, mas com carregamento positivo graças à situação de backwardation. A correção de quase 20% no Bloomberg All Metals Index é a mais significativa nesse mercado otimista que acaba de despontar. Para a agricultura, não há como piorar e o espaço para quedas adicionais é limitado. Apesar da produtividade das plantações de milho nos EUA ser recorde, os preços mostram resiliência.

Questões comerciais devem atuar como fator de pressão temporária, especialmente no caso da soja. Para haver valorização dos produtos agrícolas, basta um problema climático, contanto que os mercados emergentes se recuperem. A seca em regiões produtoras de trigo é relacionada à mudança climática, mas faz parte da volatilidade típica dos padrões climáticos e de produção.

Contribuição das commodities energéticas ao retorno deve se espalhar
O segmento de energia até agosto foi o único a contribuir para o retorno do setor amplo de commodities em 2018. Os ganhos devem se espalhar por outros segmentos. O segmento de metais é o que tem maior probabilidade de acompanhar a contribuição de quase 2,70 p.p. que o segmento de energia deu ao retorno total do Bloomberg Commodity Index. O petróleo contribuiu cerca de 3,00 p.p., enquanto o gás natural deu pequena contribuição negativa. Os metais subtraíram aproximadamente 4,00 p.p. e apresentam o maior potencial de reversão à média, particularmente se a recuperação do dólar estagnar. Em agosto, a moeda americana deu sinais de ter chegado ao ponto máximo.

O segmento agrícola subtraiu quase 3,50 p.p. do retorno total e não se vê espaço para piora, especialmente no mercado à vista. Os preços têm resistido apesar de uma tempestade quase perfeita no sentido contrário. A entrada em contango acentuado é especialmente ruim para o segmento agrícola, mas a rápida transição para um quadro de backwardation no trigo sugere melhora.

Limpeza nos ETFs abre espaço para recuperação
Para haver recuperação do mercado, geralmente é preciso haver uma limpeza na forma de saída significativa de recursos no terceiro trimestre. Se o terceiro trimestre tivesse terminado em 24 de agosto, este teria sido o período de maior saída de capital dos ETFs do mercado amplo de commodities em nossa base de dados. Mais de US$ 2 bilhões saíram de fundos negociados em bolsa (ETFs) que acompanham diretamente índices de commodities, reduzindo as entradas em 2018 para quase US$ 3,1 bilhões. O saldo anual ainda é o maior desde os US$ 6,5 bilhões registrados em 2009. A saída de recursos coincide com a correção de quase 10% no Bloomberg Commodity Index desde o pico atingido em maio, de modo parecido com o que ocorreu entre fevereiro e junho do ano passado.

Junho de 2017 marcou o ponto mínimo daquele período de queda do mercado. O segundo trimestre de 2017 foi o último trimestre com saída líquida de recursos desde então. O ritmo de posições liquidadas era bem mais lento um ano atrás, mas sinalizou o piso do mercado. Nos 12 meses seguintes, entraram US$ 1 bilhão, sendo um terço em 2018.

Correção pode ser alerta
A queda dos preços de commodities é inconsistente com a recuperação da economia global, a menos que sinalize o aumento do risco macroeconômico. Esse quadro coloca o mercado acionário dos EUA em desvantagem. Tensões comerciais e o colapso do mercado na Turquia contribuíram para que o Bloomberg Commodity Index (BCOM) voltasse à zona inicial de suporte observada entre a máxima do primeiro trimestre de 2017 e a mínima no último trimestre daquele ano. Os rendimentos da renda fixa começaram a reagir à correção de quase 10% no BCOM, com o título do Tesouro americano com prazo de 10 anos se distanciando da resistência de 3%.

As commodities são negociadas com desconto em relação ao tema de reflação na economia global desde o início do ciclo de aperto monetário nos EUA, em dezembro de 2015. Uma correção mais profunda do que os 10% nas commodities pode desmontar esse cenário. O cobre seria um importante indicador disso.

Metais voltam a importante zona de suporte de mercado otimista
A menos que os metais sinalizem desaceleração da economia global, a correção mais significativa observada no contexto de mercado otimista deve se resolver. De volta ao piso da análise Bollinger Band de 52 semanas pela primeira vez desde o final de 2015 (perto do menor nível atingido no contexto de mercado pessimista), o Bloomberg All Metals Total Return Index deve se recuperar. Para manter os preços em patamares mais baixos, precisaria haver força sustentada do dólar e transição para uma economia mundial mais fraca.

Entre os principais segmentos do mercado de commodities, os metais são os mais sensíveis às oscilações do dólar. Desde 2005, o índice que abrange todos os metais tem correlação negativa de 0,67 com o Bloomberg Dollar Spot Index em bases anuais. O beta negativo dos metais ao dólar é 2,7. 

 

Fonte: BioCana


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