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Terrorismo alimentar: os riscos de cortar certos alimentos

Os parâmetros da moda por muito tempo determinaram que só era saudável quem fosse  magro, frequentasse academia e seguisse uma dieta específica livre de algum nutriente. Sob o pretexto da Ciência, o terrorismo alimentar convencionou que cortar o glúten, a lactose e o carboidrato, por exemplo, traz benefícios para a saúde, mas o ganho com essas restrições é perdido quando começa o radicalismo.

Alguns profissionais são contra a eliminação desses grupos alimentares sem o acompanhamento adequado de um especialista. Para a nutricionista Sophie Deram, doutora em endocrinologia, o terrorismo nutricional vem apoiado em um discurso supostamente científico, mas que não passa de pseudociência.  "As revistas e as mídias sociais estão cheias de terrorismo nutricional. Blogs fitness que espalham essa pseudociência estão atraindo milhões de fãs, especialmente jovens. Parece que alimentar-se virou perigoso", afirma ela em seu blog.

Deram é contra cortar grupos de alimentos e diz que dietas restritivas estressam o corpo, altera o apetite e acabam tendo um efeito rebote. Ela defende que natural é celebrar a comida sem medo e sem culpa.

A nutricionista funcional Márcia Melo concorda com a influência das redes sociais nessa onda. "É a postagem que mostra o café da manhã paleolítico ou detox, o pré-treino low carb, o almoço glúten free e o jantar sem lactose. Então, ao mesmo tempo que isso traz informação, acaba trazendo uma ansiedade e gerando dúvidas sobre o que comer", analisa.

Determinados grupos de alimentos devem ser evitados ou cortados no cardápio das pessoas que sofrem algum problema de saúde relacionado a eles. Mas tirá-los da alimentação apenas com a intenção de emagrecer ou entrar na moda é perigoso.

Dieta sem glúten

Pessoas sem doença celíaca (intolerância ao glúten) quando o retiram da alimentação correm o risco de desenvolver uma sensibilidade futura a essa proteína. De acordo com os nutricionistas, é como se o organismo esquecesse como se digere o glúten.

Além disso, um estudo de cientistas da Massachusetts General Hospital e da Universidade Harvard já mostrou que a baixa ingestão de alimentos com essa proteína presente em cereais, como trigo, centeio e cevada, podem desenvolver doenças cardíacas.

Eles analisaram que pessoas que eliminam o glúten do cardápio acabam reduzindo da dieta alimentos ricos em fibras, como grãos integrais. E essas substâncias são essenciais para a saúde cardiovascular, além de acelerar o metabolismo.

Dieta sem carboidratos (low carb)

Os primeiros efeitos sentidos por quem corta carboidrato da dieta são enjoo, fadiga e dores de cabeça. Mas os problemas não param aí. Restringir carboidrato da alimentação pode acarretar em dificuldades para o organismo absorver nutrientes importantes. Também há o risco de perda muscular, pois - com a falta de carboidrato - o corpo tende a usar os músculos como fonte de energia.

Dieta sem lactose

A lactose é um carboidrato, conhecido como açúcar do leite. Sua restrição é o mesmo caso do glúten, só é indicada para pessoas com patologias relacionadas à ingestão desse nutriente. Quem corta totalmente corre o risco de desenvolver uma intolerância futura.

Dieta sem lectina

A moda mais recente do terrorismo alimentar é pregar a dieta sem lectina. Nela, alimentos refinados, açúcares, edulcorantes, leguminosas (sobretudo a soja, o feijão, a ervilha e a lentilha) ficam de fora do cardápio. Pessoas que têm alguma sensibilidade a esse lipídeo ou problemas digestivos e doenças autoimunes podem tirar vantagens dessa dieta. Porém, o mesmo não vale para quem não tem esses problemas, isso porque ela elimina muitos alimentos ricos em nutrientes que podem fazer falta.

Claro que existem vantagens e desvantagens em abrir mão de certos alimentos, mas as desvantagens podem ser administradas e evitadas com uma alimentação variada e equilibrada. Para isso, é essencial receber a orientação de um profissional de saúde antes de adotar qualquer tipo de dieta.

Fonte: Blog do Luizinho


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