O trigo fechou em baixa na bolsa de Chicago nesta quinta-feira (3/8) e emendou uma sequência de seis quedas consecutivas no pregão. Os contratos para setembro caíram 2,03%, a US$ 6,27 por bushel.
O cereal seguiu desvalorizado no mercado internacional diante da possibilidade do acordo que autoriza o embarques de grãos da Ucrânia via Mar Negro ser revisto, segundo Eduardo Tres, gerente de relacionamento da Hedgepoint Global Markets.
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“Após os ataques [a portos da Ucrânia] da última semana, a Rússia parece sinalizar para o Ocidente a possiblidade de retomar o pacto de exportação de grãos ucranianos desde que sejam revistas as sanções sobre os meios de pagamentos, que Moscou alega serem prejudiciais às exportações de fertilizantes”, afirma.
Nesta semana, a embaixadora dos Estados Unidos, Linda Thomas Greenfield, disse que os russos estariam interessados em retomar as negociações para reaver o pacto com os ucranianos, suspenso em 17 de julho.
Para o analista da Hedgepoint, ainda que as ações militares da Rússia tenham danificado estruturas portuárias, investidores têm em mente que as operações de embarque do Mar Negro devem acontecer de forma lenta, caso o acordo seja de fato retomado.
“Após a saída russa do acordo, já era esperado um impulso nos preços, que agora voltam a patamares observados quando o corredor de exportação estava em funcionamento”, destaca Eduardo Tres.
“Com uma oferta relativamente boa, o direcionamento dos preços do trigo ainda será pautado pelos acontecimentos da guerra entre Rússia e Ucrânia”, completa o analista.
Milho
Os preços do milho seguiram em trajetória de queda na bolsa de Chicago. Os contratos para dezembro caíram 1,40%, a US$ 4,9350 por bushel. Com o fechamento de hoje, o milho acumula oito sessões consecutivas com cotações em queda.
A demanda menor pelo grão dos Estados Unidos pesou sobre as cotações. O saldo líquido de vendas de milho pelos americanos (resultado de novos contratos e cancelamentos) da temporada 2022/23 ficou em 107,5 mil toneladas na semana encerrada em 27 de julho, volume 66% menor em relação à semana imediatamente anterior. As negociações da temporada 2023/24 chegaram a 348,9 mil toneladas, levemente acima das 335,8 mil da semana anterior.
O preço em Chicago caiu também diante das condições das lavouras nos EUA. O percentual de lavouras de milho que enfrentam algum grau de seca está em 57%, uma semana antes, o número era de 59%, segundo dados do Departamento de Agricultura do país (USDA).
Soja
Já a soja terminou o dia com preços em alta na bolsa de Chicago. Os lotes para setembro, que são os mais negociados, subiram 0,40%, a US$ 13,82 por bushel.
Se a demanda pelo milho americano está em baixa, na soja, o cenário é diferente. O saldo líquido de vendas dos americanos da temporada 2023/24 chegou a 2,6 milhões de toneladas na semana encerrada em 27 de julho, acima das 544,6 mil registradas na semana anterior e também maior que a estimativa de analistas de mercado, que projetavam 2,5 milhões.
Também nesta quinta, o USDA reportou a venda de 134 mil toneladas dos EUA para a China, reforçando o apelo da demanda pelo grão do país.
Mas as condições úmidas para as lavouras americanas e uma redução da seca nos solos do país limitaram o movimento de alta nos preços. Segundo o Departamento de Agricultura americano, o percentual de lavouras de soja com algum grau de seca no país está em 51% até hoje, dois pontos percentuais abaixo do número divulgado sete dias antes.
Fonte: Globo Rural