As projeções para a oferta de trigo derrubaram os preços do cereal na bolsa de Chicago. Nesta quarta-feira (9/8), os contratos para setembro caíram 3,24%, para US$ 6,35 por bushel.
Na ausência de notícias sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, a expectativa com a oferta cada vez maior mantém as cotações futuras em baixa.
“A China importou quase 6 milhões de toneladas de trigo no primeiro trimestre e logo na sequência iniciou a colheita local. Além disso, os Estados Unidos estão finalizando os trabalhos em campo e a Rússia segue abastecendo o mercado, já que não há notícias de bloqueios em suas exportações”, destaca Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural.
Em relação às vendas da Rússia, maior exportador mundial de trigo, Fernandes lembra que o preço do trigo no país caiu tanto que o governo local tentou estabelecer piso para as exportações. Essa competitividade, lembra ele, é outro fator que deve manter os preços em queda, considerando a falta de notícias sobre o conflito entre russos e ucranianos.
Milho
Acompanhando a forte queda nos preços do trigo, o milho encerrou o pregão em Chicago com preços em baixa. Os contratos para dezembro caíram 0,90%, a US$ 4,9425 por bushel.
Os momentos de grande queda para trigo influenciam os preços do milho, pois ambos os cereais competem no mercado como matéria-prima na produção de ração animal.
Além disso, os investidores aguardam os números do próximo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sobre a produção no país, que será divulgado na próxima sexta-feira (11/8).
A aposta de analistas de mercado é que o órgão diminua a projeção de safra de 389,13 milhões no relatório de julho para 384,20 milhões na nova estimativa.
“A expectativa para o corte na produção está um pouco exagerada. O USDA geralmente tem uma postura conservadora em relação às suas estimativas, e caso ele promova uma redução de safra abaixo do esperado, o relatório pode trazer uma tendência de baixa para os preços”, avalia Ronaldo Fernandes, da Royal Rural.
A perspectiva do analista para as cotações está baseada no início da colheita dos Estados Unidos. “A entrada de produto novo no mercado derruba preço e o Brasil ainda está finalizando os trabalhos em campo”, lembra Fernandes.
Soja
Nas negociações da soja na bolsa de Chicago, os contratos para setembro, que são os mais negociados no pregão, fecharam em alta de 0,13%, a US$ 13,5525 por bushel.
Os preços ficaram praticamente neutros, já que os investidores se resguardaram à espera dos números de safra americana, que serão divulgados pelo Departamento de Agricultura do país.
O órgão deve trazer uma safra americana de 115,35 milhões de toneladas, segundo apostas de analistas de mercado, abaixo das 117,04 milhões divulgadas no relatório de julho.
“O corte na produção poderia ser maior não fossem as chuvas das últimas semanas em áreas produtoras americanas, que melhoraram a condição das lavouras. O clima é muito importante para o desenvolvimento da soja em agosto e essa melhora pode resultar em um relatório neutro ou até baixista para os preços em Chicago”, frisa Ronaldo Fernandes.
Fonte: Globo Rural