Historicamente líder da produção nacional de trigo, o Paraná
chega à reta final da colheita nesta semana com preços em alta, segundo informe
do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da
Agricultura e do Abastecimento. A comparação com 2020 mostra a valorização do
cereal. Em média, os produtores receberam R$ 87,34 pela saca de 60 kg no mês
passado, valor 27% superior ao praticado em outubro de 2020 (R$ 68,61).
Esse quadro colaborou para que os produtores de trigo do
Paraná diminuíssem o ritmo da comercialização, na expectativa de que os preços
continuem evoluindo. Cerca de 36% do volume de 3,2 milhões de toneladas
projetado para a safra 2020/2021 foram vendidos até outubro, contra um
percentual de 47% em outubro de 2020. A capitalização dos produtores em virtude
de boas safras de soja também tem possibilitado esse retardo.
“Apesar de estar mais lenta comparativamente ao ano passado,
essa comercialização não torna indisponível o produto aos moinhos. Com a
colheita chegando à reta final, a disponibilidade do cereal no Estado está
praticamente no auge”, explica o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. Em
breve, essa disponibilidade se somará ao ápice das colheitas da Argentina e do
Rio Grande do Sul, mercados importantes para a formação do preço paranaense.
MOINHOS – Na comparação entre outubro e setembro deste ano,
os preços no mercado atacadista tiveram uma retração de 3% – em setembro, a
tonelada de trigo custava, em média, R$ 1.656. “Os moinhos tiveram um alívio
temporário neste mês, com as farinhas sendo vendidas cerca de 1% mais caras que
em setembro, apesar de seu principal insumo ter barateado no mesmo período”,
diz Godinho.
Segundo ele, essa comparação mensal esconde a dificuldade de
repasses de preço, pois o reajuste médio das farinhas desde outubro de 2020 é
de 9%, menos da metade do reajuste do trigo disponível. No mercado atacadista,
o preço do cereal passou de R$ 1.308 em outubro de 2020 para uma média de R$
1.605 em outubro deste ano – alta de 23%.
PÃO FRANCÊS – O preço do pão francês no varejo tem se
mantido abaixo da inflação, justificando a dificuldade de aumentos nas
farinhas. Em outubro, a média de preços praticados pelo produto foi R$ 9,85 o
quilo, 1% mais caro que em setembro (R$ 9,76) e 4% mais caro que em outubro de 2020
(R$ 9,46), segundo o Deral.
“Além da dificuldade pela queda de renda do brasileiro, o represamento pode ser explicado por uma estratégia de mercado, já que o preço baixo do pão pode estimular o consumo de outros itens das padarias e supermercados”, acrescenta o agrônomo.