Os preços do trigo ganharam impulso na bolsa de Chicago nesta quarta-feira (8/11) diante de forças de fundos especulativos. Diante disso, os contratos para dezembro fecharam em alta de 3,86%, a US$ 5,9225 por bushel.
Como os preços caíram muito recentemente, Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, diz que os investidores aproveitaram a notícia pessimista sobre o acordo de exportação de grãos no Mar Negro para efetuar a compra de papéis.
Nesta quarta, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), declarou à Reuters que será difícil retomar o acordo entre Rússia e Ucrânia que criou uma passagem segura para o escoamento de grãos pelo Mar Negro. O entendimento entre as duas nações chegou ao fim em julho deste ano.
“Esse movimento de alta ainda é fraco se comparado com a desvalorização que nós tivemos no trigo neste ano. Notícias como essa sobre o acordo são uma ótima oportunidade para os especuladores”, afirma Bento. No acumulado de 2023, as cotações do trigo na bolsa caíram 25,3%, segundo cálculos do Valor Data.
Também foi considerado positivo para os papéis do trigo a revisão de safra na Argentina no ciclo 2023/24. A Bolsa do Comércio de Rosário reduziu para 13,5 milhões sua estimativa de colheita no país.
Mesmo com esses fatores apoiando uma valorização do trigo em Chicago, o analista da Safras & Mercado diz que a tendência de queda deve permanecer.
“Não temos fatores que sustentem uma alta por um longo prazo. A Rússia ainda tem muito trigo para comercializar, os preços do cereal no país caíram 27% neste ano, e podem continuar direcionando as cotações do trigo para baixo no mercado internacional”, completa Élcio Bento.
Milho
A valorização do trigo puxou a alta do milho na bolsa de Chicago. Os contratos do cereal para dezembro subiram 1,60%, com a cotação US$ 4,76 por bushel.
Geralmente, quando o preço do trigo sobe na bolsa ele acarreta em alta para o milho, já que os dois cereais competem no mercado, pois ambos são usados como matéria-prima na indústria de ração animal.
Afora isso, o anúncio de venda de 270 mil toneladas de milho dos EUA ao México também motivou a elevação do cereal na bolsa.
De acordo com Enilson Nogueira, analista de mercado na Céleres, a tendência é que os preços futuros permaneçam em patamares mais altos, diante do atraso com a instalação da safra de soja no Brasil.
“Para os contratos mais longos do milho em Chicago, podemos ter alguma valorização, pensando nos problemas que estão se desenhando para o início da safra de inverno no Brasil”, afirma.
Fonte: Globo Rural