Uma sequência de seis quedas seguidas no trigo na bolsa de Chicago abriu espaço para uma correção técnica nos contratos futuros nesta sexta-feira (4/8). Os lotes do cereal com vencimento em setembro fecharam em alta de 0,96%, a US$ 6,33 por bushel.
“Nos últimos oito dias, o trigo passou por uma desvalorização de 17,5%, isso é uma perda muito grande que proporcionou muita realização de lucros. Os fundos de investimentos esperaram muito tempo para efetuar a compra de papéis porque sabiam que podiam ganhar mais com as quedas”, avalia Luiz Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica.
Na abertura da sessão, o preço subia mais de 3%, com a notícia de um ataque de drones da Ucrânia ao porto russo de Novorossiysk, o mais importante para exportação de grãos do país, segundo agências internacionais. A Rússia é o maior exportador mundial de trigo. Mas a alta nos preços perdeu força no fechamento, pois esse cenário de conflitos entre os dois países já foi precificado pelos investidores, segundo Luiz Pacheco.
“A situação no Mar Negro já deu o que tinha que dar no mercado de trigo, e não deve mudar o direcionamento dos preços pelos próximos dez anos, já que esse o tempo que a Ucrânia pode levar para desminar suas terras invadidas pela Rússia durante o conflito”, diz o analista.
A despeito da continuidade da guerra, especialistas ponderaram nesta semana que havia a possibilidade de a Rússia retornar ao pacto de exportação de grãos do Mar Negro, suspenso desde o dia 17 de julho. Mas a Ucrânia precisará viabilizar novas rotas para a exportação de seus produtos agrícolas.
“Depois dos ataques russos aos portos do Mar Negro e também no rio Danúbio, a Ucrânia precisará refazer toda a sua infraestrutura de escoamento, e isso leva pelo menos um ano”, conclui Pacheco.
Após oito pregões com preços em queda, o milho avançou na bolsa de Chicago, com movimento de correção técnica. Os contratos para dezembro fecharam em alta de 0,76%, a US$ 4,9725 por bushel.
Na manhã de sexta, os papéis futuros chegaram a subir acima de 1%, seguindo a valorização do trigo após a notícia de ataques ao porto russo Novorossiysk, o mais importante da Rússia para exportação de grãos.
Mas o avanço sobre os contratos seguiu limitado pelas boas projeções climáticas para os Estados Unidos. Soma-se a isso a projeção de safra recorde para o Brasil, que ainda está finalizando a colheita de milho de inverno, que na safra 2022/23 deverá crescer 14,1%, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Investidores optaram por manter a compra de papéis no mercado futuro da soja. Na sexta-feira, os contratos da oleaginosa para setembro, que são os mais negociados na bolsa de Chicago, subiram 0,36%, a US$ 13,87 por bushel.
O movimento de alta na semana foi impulsionado, em partes, pelo crescimento da demanda pelo grão dos Estados Unidos. O saldo líquido de vendas de soja do país na temporada 2023/24 chegou a 2,6 milhões de toneladas na semana encerrada em 27 de julho, acima das 544,6 mil registradas na semana anterior e também maior que a estimativa de analistas de mercado, que projetavam 2,5 milhões.
O anúncio de vendas de soja americana à China durante a semana foi outro fator que impactou positivamente as cotações.
A demanda se contrapôs com as projeções de chuva para as áreas produtoras de grãos dos EUA, o que limita o avanço dos contratos em Chicago.
Fonte: Globo Rural