O mercado de trigo no Brasil continua apresentando lentidão nas negociações, mesmo em meio ao avanço da colheita nos estados do Sul. Segundo informações da TF Agroeconômica, os preços mantêm relativa estabilidade, mas abaixo das expectativas dos vendedores, o que tem limitado as exportações e travado novos negócios.
No Rio Grande do Sul, os preços recuaram levemente, com queda de 0,15% no dia e de 4,40% no mês, segundo o Cepea. Apesar da grande oferta de lotes da safra nova a R$ 1.100,00 a tonelada, a demanda segue retraída, já que os moinhos estão abastecidos e aguardam movimentações maiores no mercado. As exportações também decepcionam: em setembro foram embarcadas apenas 74 mil toneladas, bem abaixo da média histórica superior a 700 mil toneladas. No mercado internacional, a concorrência do trigo argentino mantém os preços pressionados, com negócios no porto de Rio Grande em torno de US$ 261 a US$ 269 por tonelada.
Em Santa Catarina, a colheita ainda não começou de forma significativa e o mercado permanece praticamente parado. Alguns negócios isolados foram realizados com trigo de outras regiões, como São Paulo e Paraná, mas sem expressão. Já os preços pagos ao produtor caíram em todas as principais praças, com destaque para Chapecó (R$ 63,00/saca) e São Miguel do Oeste (R$ 67,00/saca). Os moinhos catarinenses seguem se abastecendo no Rio Grande do Sul.
No Paraná, a colheita já alcançou 53%, com boa qualidade na maioria dos lotes, mas os preços oferecidos desagradam os produtores. O cereal é negociado a R$ 1.200,00 CIF moinho para entrega em outubro, enquanto os vendedores pedem entre R$ 1.320,00 e R$ 1.350,00. Já os preços pagos diretamente ao agricultor recuaram 3,56% na semana, para R$ 68,00 a saca, valor inferior ao custo de produção calculado pelo Deral (R$ 74,63). Embora o mercado futuro tenha oferecido oportunidades de lucro de até 32% em meses anteriores, a proximidade da colheita pressiona as cotações e aumenta as perdas para quem não antecipou vendas.
Fonte: Agrolink