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Trigo vem ganhando espaço como cultura de inverno

Uma cultura que oferece diversos benefícios ao produtor, já que pode ser cultivada em diversas regiões e tem grande demanda no mercado, o trigo vem cada vez mais sendo visto com bons olhos pelo produtor rural brasileiro. Sendo uma excelente cultura de inverno, as vantagens em cultivar este grão vão desde o bom retorno financeiro até o auxílio na boa conservação do solo para as cultivares futuras.

O engenheiro agrônomo e supervisor Comercial do PR, SP e Cerrado da Biotrigo, Johny de Oliveira Brito, informa que o trigo é uma cultura de grande importância para o produtor rural, já que além de proporcionar geração de renda no inverno e permitir ao produtor a diluição de seus custos fixos, traz em conjunto uma boa conservação de solo devido aos restos culturais que permanecem na pós colheita e a adubação em espaçamento menores, sendo estes fatores boas fontes para incremento nas produtividades da safra de verão.

"O triticultor tem diversos ganhos no seu sistema de produção com esta cultura, tanto na oportunidade de fazer rotação de culturas e rotação de mecanismos de ação de defensivos, quanto na redução de plantas daninhas, inclusive as de difícil controle, o que consequentemente também reduz os custos com dessecação em pré semeadura da cultura sucessora, tendo uma maior facilidade no manejo dessas infestantes na safra seguinte", informa.

Brito conta que o trigo é um cereal de alto consumo mundial, sendo que hoje a oferta nacional é menor que a demanda. Ou seja, o país consume todo o trigo produzido e ainda é necessário importar produto de fora. "Diante disso, surge a oportunidade para o produtor produzir um cereal que é bastante demandado pelos consumidores", diz.

Mais adaptado

Além do mais, o profissional acrescenta que atualmente a pesquisa na cultura do trigo está bastante avançada, e dessa forma existe no mercado diversas cultivares com características distintas, sendo cada uma delas uma ferramenta diferente para o produtor. "É de grande importância que os produtores cultivem alguma área da propriedade com trigo, pois como a cada ano estão chegando novidades no mercado, o produtor precisa se atualizar nas tecnologias e analisar qual a melhor cultivar que se encaixa em seu sistema de produção", comenta.

Outra vantagem do trigo citado por Brito foi a adaptabilidade da cultura. "Este cereal pode ser muito lucrativo e trazer diversos benefícios para o sistema de produção em diferentes regiões do país, inclusive no Cerrado", conta. De acordo com ele, depois do Paraná e Rio Grande do Sul, o Estado de Minas Gerais é o terceiro maior produtor de trigo do país, tanto em áreas de sequeiro quanto irrigado. Ele destaca que o trigo está sendo ainda nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia.

O profissional explica que mesmo o trigo sendo uma cultivar que disputa bastante espaço com o milho como cultura de inverno, o produtor tem olhado para ele com bons olhos. "É onde ele pode encontrar diferentes cultivares que vão atender suas necessidades e, principalmente, que vai lhe entregar uma boa segurança perante as adversidades que ele pode sofrer durante o cultivo", conta. Brito informa que o trigo em alguns locais do país disputa espaço com o milho segunda safra e em outros locais complementa o sistema de produção, onde ambos trazem seus benefícios.

"Quando tratamos de regiões com maior altitude e clima mais frio, o trigo proporciona maior segurança aos produtores, e em regiões mais quentes, onde é mais comum a prática do cultivo do milho safrinha, o trigo acaba competindo em áreas com milho, mas também pode entrar em conjunto no sistema de produção, podendo ser semeado após a colheita do milho devido a disponibilidade que temos hoje no mercado de cultivares com ciclos mais precoces, alto teto produtivo e segurança", conta.

Benefícios sentidos na prática

Quem percebeu estes benefícios na cultura foi o produtor Osvino Ricaridi. Em uma área de 900 hectares, no município de Riachão das Neves, na Bahia, há quatro anos ele escolheu o trigo como cultivar. A produção média dele tem sido de seis a sete mil quilos por hectare, que, para o produtor, é excelente.

Ricardi comenta que é importante ter uma rotação de cultura, já que isso ajuda no solo, na produtividade, além de dar uma boa liquidez. "Tanto o trigo quanto o milho são boas culturas, mas o trigo é importante porque deixa a lavoura mais limpa na hora de plantar. Além de que com ele você faz uma rotação, porque se você sempre tem soja/milho, soja/milho, soja/milho não é bom", comenta. Para ele, é importante escolher outra cultura para plantar. "O trigo ajuda bastante e dá uma rentabilidade", complementa.

Além do trigo, o produtor cultiva ainda milho, soja e algodão, também na Bahia. Radicado no Paraná, conta que a escolha daquela região não foi por acaso. Ricardi diz que lá não existe alguns problemas que são comuns no Sul, como as geadas ou as chuvas no período da colheita. "Lá, você molha o trigo com o pivô ou irrigação e joga somente de fato a água que a cultura precisa", conta. Porém, mesmo com estes benefícios, o produtor alerta que é preciso ficar atento à época do plantio. "Eu vejo potencial para o trigo no Brasil. Acredito que é preciso plantar o grão de forma muito estruturada, nas épocas certas de produção para ter os escapes de possíveis eventualidades", comenta.

Este potencial citado por Ricardi existe. São diversos os Estados que cultivam o grão, além dos do Sul, ainda produzem o trigo Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, além do Distrito Federal. Aos poucos, a produção brasileira vai crescendo, e mesmo com a necessidade da viabilidade na produção, o produtor acredita que o país pode chegar a ser autossuficiente.

 

Fonte: O Presente Rural


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