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USDA e dólar determinam alta dos grãos em Chicago

Queda nos estoques globais e americanos de soja, redução da produção de milho no Brasil e aumento da demanda por trigo nos Estados Unidos. Destaques no relatório de oferta e demanda de grãos divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), os três fatores foram determinantes para a valorização desses grãos ontem na bolsa de Chicago, em um movimento também impulsionado pela retração do dólar em relação a outras moedas.

Entre os contratos futuros de segunda posição de entrega, os que mais subiram foram os da soja. Os papéis da oleaginosa para entrega em agosto voltaram a superar a barreira de US$ 11 por bushel e fecharam a US$ 11,0225, em alta de 25,25 centavos de dólar, ou 2,3%, em relação à véspera. No mercado de trigo, a segunda posição (setembro) subiu 8 centavos de dólar, ou 1,9%, e atingiu US$ 4,3850 por bushel, ao passo que no caso do milho setembro registrou valorização de 4 centavos, ou 1,1%, e alcançou US$ 3,5225 por bushel.

Para a valorização da soja, pesaram correções para baixo efetuadas pelo USDA em suas estimativas para os estoques finais globais e americanos na safra 2015/16, já encerrada - e, portanto, nos estoques iniciais do ciclo 2016/17, em fase de plantio no Hemisfério Norte. O órgão reduziu os estoques mundiais para 71,17 milhões de toneladas, 8% menos que os estoques finais de 2014/15, e os americanos para 9,54 milhões, ainda 83,8% maiores em igual comparação, mas abaixo do que esperavam os analistas.

Para a temporada 2016/17, a projeção do USDA para os estoques globais foi elevada para 67,1 milhões de toneladas e a estimativa para os estoques americanos subiu para 7,9 milhões. A projeção para a produção mundial, liderada por EUA e Brasil, nessa ordem, aumentou para 325,95 milhões de toneladas, e a demanda total foi elevada para 328,78 milhões. Os números do USDA indicam que os estoques iniciais equivalem a 22% da demanda global, ante 24,7% no ciclo 2015/16.

Para a alta do milho, pesou sobretudo o corte feito na estimativa para a produção no ciclo 2015/16 no Brasil, onde a colheita da safrinha está em curso. O volume total (primeira e segunda safras) passou a ser estimado pelo órgão em 70 milhões de toneladas, 7,5 milhões abaixo do previsto em junho. Sob essa influência, a produção mundial em 2015/16 passou a ser dimensionada em 959,79 milhões de toneladas, 5,3% abaixo de 2014/15, e os estoques finais do ciclo ficaram em 206,9 milhões de toneladas, queda de 0,8% em igual comparação.

Para 2016/17, o USDA passou a esperar um aumento um pouco menor da colheita mundial (1,011 bilhão de toneladas) e estoques finais totais mais polpudos (208,39 milhões). Maiores produtores de milho do planeta, os EUA deverão colher 369,33 milhões de toneladas e apresentar estoques de 52,85 milhões de toneladas ao término do ciclo, um expressivo incremento de 22,3% na comparação com 2015/16.

Em Chicago, a alta do trigo foi bastante contaminada pelos avanços de soja e milho. Mas, entre seus fundamentos, chamaram a atenção as revisões para cima das produções globais (para 738,51 milhões de toneladas) e americana (para 61,53 milhões) e dos estoques finais dos EUA (para 30,08 milhões) em 2016/17 e a correção para baixo na estimativa do USDA para os estoques finais do ciclo para 253, 7 milhões).

Fonte: Valor Econômico/Fernando Lopes, Mariana Caetano, Fernanda Pressinott e Cleyton Vilarino. Colaboração: Camila Souza Ramos

 


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