Representantes de
diferentes elos do setor paulista se encontraram em Capão Bonito, na manhã de
08 de agosto, para participar da segunda reunião da Câmara Setorial de Trigo de
2019. O encontro abordou a atual conjuntura do grão no mercado interno e
externo, as perspectivas para o câmbio e a estimativa de colheita e variedades,
por meio do reporte das cooperativas sobre a evolução das lavouras.
Na ocasião foi realizada
a apresentação do novo presidente do Sindustrigo, Valnei Origuela, que assume o
cargo durante o triênio 2019-2022. Ele aproveitou a oportunidade para reforçar
a importância do trabalho da Câmara. “Para os moinhos, este trabalho é
extremamente relevante. Como associado da entidade, tenho acompanhado os
ganhos. Em outros tempos havia muita distância entre a indústria e os produtores
e com a reunião deste grupo foi possível superar as dificuldades em benefício
de todos”, pontua.
A Associação Brasileira
da Indústria do Trigo (Abitrigo) também esteve presente no encontro, onde apresentou
o status de temas relevantes do cenário nacional que afetam a produção paulista
como, por exemplo, o acompanhamento da Consulta Pública sobre as micotoxinas.
Em seguida representantes
das cooperativas Capal, Catrolanda e Capão Bonito apresentaram o reporte do
estado, quanto às projeções de plantio e colheita do grão para esse ano.
“Devido as condições
climáticas, como as geadas, e doenças, como a brussone, tivemos uma redução de
aproximadamente 20% na produção de trigo em São Paulo conforme relatado pelos
produtores. Com esse resultado estimamos cerca de 220 mil toneladas disponíveis
para a moagem”, afirma Nelson Montagna, Presidente da Câmara Setorial do Trigo.
No entanto, Montagna
espera que, mesmo com um volume abaixo do esperado, a qualidade do trigo que
será ofertada seja melhor. Segundo ele, com o trabalho nos encontros da Câmara vem
sendo possível reduzir a quantidade de
variedades plantadas, criando assim uma maior homogeneidade do trigo. “Isto é
uma demanda muito forte da indústria que está em busca de um grão mais
homogêneo e de melhor qualidade”, revela.
Guerra Comercial
A programação do
evento também contou com uma palestra sobre a Conjuntura do Trigo e Câmbio,
ministrada pelo gestor de Crise da INTL FCStone, Roberto Sandoli Jr. Dentre os temas de destaque esteve a Guerra
Comercial entre China e EUA. “Apesar deste conflito envolver mais a soja e
outros produtos, como os mercados agrícolas são conectados isto acaba
impactando o mercado como todo”, alerta.
Hoje o cenário
mundial do trigo é baixista devido ao volume de produção, pela demanda e pelos
estoques mundiais. “Teoricamente se você isolar o trigo das outras commodities
o torna baixista. No entanto, quando falamos de guerra comercial, a questão das
moedas internacionais e a crise mundial acabam impactando as commodities. Ou
seja faz com que a pressão de preço seja limitada mesmo sendo um cenário
baixista para o trigo ”, afirma.
“A tendência de
queda do trigo pode ser limitada justamente por causa disto. Se tem menos milho
sendo plantado com uma área menor isto pode refletir nos preços do trigo. A
questão cambial também acaba impactando o trigo nacional por conta da paridade de
importação”, finaliza.