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Congresso do Trigo reúne setor para discutir futuro do cereal no Brasil

Encerrou-se no dia 27 de setembro o 29º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, evento promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) que reuniu toda a cadeia do cereal para a discussão de temas relevantes ao setor, como cenário político-econômico, gestão, tendências de mercado, segurança alimentar e inovações.


“Nós tivemos três dias com bastante movimento nessa edição do Congresso do Trigo. Ele foi um espaço para muita interação e networking com todos os participantes. Os painéis abordaram temas importantes, discutindo o mercado tanto interno quanto externo, além da invocação e tecnologia”, explicou o Presidente-Executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa. 


Na abertura do evento, Barbosa, recebeu o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, que ressaltou o caráter dinâmico da cadeia do trigo nacional. “O trigo é um desafio para o qual o Brasil se posiciona cada vez mais como um player diferenciado. Quando olhamos para as empresas que apoiam eventos como este, percebemos que elas fortalecem o dinamismo do setor. Nós precisamos continuar atraindo investimentos com o compromisso de fornecer para o mundo alimentos, equipamentos e serviços”.


A palestra inaugural do congresso, ministrada pelo cientista político e professor do Insper, Fernando Schuler, pontuou a desestatização como caminho para o futuro da política nacional. “Vivemos um momento de grande instabilidade no campo político brasileiro. Ao mesmo tempo, passamos por uma revolução tecnológica, que abalou ainda mais a democracia e o debate público. Isso trouxe à luz a discussão do inchaço do Estado, sendo a desestatização e especialização da esfera governamental uma solução para reduzir a burocracia dos processos e atrair novos investimentos ao País”.


Dia dois: segurança alimentar e visão das mulheres na gestão dos negócios


Durante a cerimônia oficial de abertura do 29º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, realizada no segundo dia do evento, o Chefe Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, pontuou que o Brasil tem totais condições de produzir todo o cereal necessário para atendimento de sua demanda.  “Podemos contribuir com a segurança alimentar e com a cultura da paz. Até 2030, o Brasil supera as 20 milhões de toneladas de trigo. Isso é resultado do trabalho de toda a cadeia do trigo em prol desse crescimento de produção e qualidade”.


Na sequência, com a moderação do jornalista especializado em Agronegócio e Marketing, José Luiz Tejon, foi realizado o Painel “Segurança Alimentar e o Mercado do Trigo”.


O Coordenador do FGVAgro, Roberto Rodrigues, avaliou o crescimento do mercado do trigo. “O Brasil vai exportar 10 milhões de toneladas de trigo daqui a dez anos. É uma chance que a história coloca no 'colo' de vocês”, ressaltou. Sobre o tema segurança alimentar, Rodrigues destacou que não existe estabilidade política nem segurança em um país com fome. “O Brasil pode não só produzir alimento, mas também ensinar o mundo a 'pescar', tecnicamente, ensinando a fazer bem feito”, disse.


O Consultor Privado do Mercado de Trigo, Pablo Maluenda, apresentou os fatores que afetaram o mercado do trigo ao longo de 2022. “Destaco a guerra na Ucrânia, medidas econômicas tomadas nos Estados Unidos que afetam outros países e a economia mundial, o clima, e os reflexos da pandemia, que continuam a ser um fator que afeta os mercados, principalmente, considerando a situação na China e, ainda, uma possível recessão global como resultado”, afirmou. 


Uma das atrações do Congresso foi o painel “A visão das mulheres na gestão do negócio do trigo”, com a participação da CEO do Mulheres do Agronegócio Brasil, Andrea Cordeiro; da CEO do Grupo Dallas, Dorcy Zorzo Casarin; da Diretora Geral e Vice-presidente da Buaiz Alimentos, Eduarda Buaiz, e da Presidente do Moinho Globo, Paloma Venturelli. As executivas compartilharam os desafios na gestão dos moinhos que dirigem. 


“Toda esta visão feminina com relação à cadeia produtiva do trigo e o foco destas profissionais vão fazer a diferença no futuro do agro. Precisamos continuar a abrir espaço para mulheres e jovens para que tenhamos uma visão mais ampla de todo negócio”, apontou Andrea Cordeiro.


Dia três do congresso: tendências de consumo e inovações


O último dia de evento recebeu o painel “Tendências do mercado consumidor”, moderado pelo Presidente da Moageira Irati, Marcelo Vosnika. Ele abordou inicialmente o papel do consumo e suas tendências. “´Foi importante falar sobre a visão geral do mercado e a saudabilidade. A Abitrigo desempenha um papel muito importante no suporte às informações sobre o papel nutricional dos alimentos à base de trigo, principalmente para a população de baixa renda. Trabalhamos com produtos saudáveis, o que é uma exigência do consumidor e que fazem parte da segurança alimentar do mundo”.


Encerrando o ciclo de apresentações do 29º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, foi realizado o painel “Inovações e Tecnologias no Brasil e no Mundo”, com a moderação do Presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo, Rogério Tondo. 


Em vídeo exibido para os participantes, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim, destacou que falar de inovação e tecnologia no agronegócio brasileiro é algo estratégico. “Nós devemos lembrar que, décadas atrás, o Brasil era um país importador e, graças à ciência, tecnologia e muita inovação, hoje somos responsáveis por alimentar 1 bilhão de pessoas no planeta”.


Na cerimônia de encerramento do congresso, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, abordou que o trabalho de pesquisa e desenvolvimento em prol do crescimento da produção do grão em solo nacional tem alcançado bons resultados e mostrado um futuro promissor. “Achamos um caminho que não nos levará apenas à autossuficiência, mas também à exportação, elevando ainda mais a importância do Brasil como produtor de alimento no mundo. Temos muitos desafios, mas estamos trabalhando para que o País se torne cada vez menos dependente do trigo estrangeiro e o apoio do setor é muito importante nesse processo”.


O Presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, também esteve presente fechamento dos trabalhos e enfatizou as pesquisas de tropicalização do trigo desenvolvidas pela entidade, que serão fundamentais para a expansão do cultivo do cereal no Brasil. “Há algumas décadas, o Brasil saiu do papel de importador para exportador de alimentos, e com o trigo não será diferente. As pesquisas vão ajudar a superar os desafios enfrentados pelo produtor no campo para que o País produza mais e melhor e, com isso, exerça sua vocação de alimentar o mundo”, concluiu.


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