O Sindicato da Indústria do Trigo no estado de São Paulo (Sindustrigo) elegeu uma nova diretoria executiva, constituída em votação realizada em abril. Com mandato até abril de 2028, Max Piermartiri é o novo presidente da entidade.
Formado em Engenharia Agronômica, Max possui vasta experiência nos setores de alimentos e agrícola, tendo atuado no departamento comercial de grandes empresas. Desde 2010, ele se dedica ao mercado do trigo, consolidando sua expertise no setor. Atualmente, é diretor-presidente da Anaconda Industrial e Agrícola de Cereais, empresa associada ao Sindustrigo.
Sindustrigo News: Como você analisa o momento atual do setor moageiro de São Paulo?
Max Piermartiri: O setor moageiro paulista enfrenta um cenário desafiador, mas cheio de possibilidades. De um lado, lidamos com questões tributárias e regulatórias complexas que exigem atenção e articulação constantes. Por outro, a demanda por produtos de qualidade continua crescendo, impulsionada pelo aumento da conscientização do consumidor e pela diversificação no uso da farinha de trigo. Além disso, as indústrias têm investido em tecnologia e inovação para otimizar processos e atender às exigências do mercado, o que nos coloca em uma posição competitiva e alinhada às tendências globais.
SN: Dentre os assuntos em pauta no cenário político e econômico do país, quais você considera de maior importância para o setor?
MP: Dois temas centrais são a isenção do ICMS para produtos da cesta básica e a guerra fiscal entre estados. Na questão tributária, vejo como uma vitória importante a renovação dos benefícios fiscais em São Paulo até 2026, resultado de um trabalho contínuo de sensibilização do poder público sobre a importância de manter a competitividade do setor.
No entanto, enfrentamos desafios significativos devido à forte concorrência de estados do sul, como Paraná e Rio Grande do Sul, que oferecem incentivos fiscais mais atrativos. Essa desigualdade tem levado empresas a direcionar seus investimentos para essas regiões e deixando de investir em São Paulo, estado onde se encontra o maior mercado de consumo do Brasil.
Nosso setor é o ponto central de uma cadeia muito importante para a alimentação da população brasileira e, quando o centro está enfraquecido, o reflexo é direto nos demais elos, debilitando a todos, de ponta a ponta.
Minha principal preocupação é evitar que essa migração de investimentos enfraqueça a cadeia produtiva do trigo paulista. Precisamos continuar atraindo investimentos e fortalecendo toda a cadeia, que vai desde a pesquisa agropecuária até a produção e comercialização de produtos finais aos consumidores.
SN: Como você analisa a qualidade e a produção de trigo no estado de São Paulo?
MP: O trigo paulista tem apresentado avanços significativos tanto em qualidade quanto em volume. No entanto, a competição com culturas mais rentáveis e com o trigo de outras origens, como o argentino e o paranaense, continua sendo um desafio. É fundamental trabalharmos para que o produtor de trigo no estado encontre condições competitivas, seja em termos de preço ou de apoio técnico, para aumentar a produtividade e garantir a qualidade do grão.
SN: Qual o papel do Sindustrigo neste contexto?
MP: O Sindustrigo tem uma função estratégica na articulação entre os elos da cadeia produtiva, além de atuar como uma ponte entre o setor e os órgãos governamentais, defendendo os interesses do setor moageiro paulista. Nossa participação em fóruns como a Câmara Setorial do Trigo é essencial para levantar as demandas do setor e propor soluções viáveis. Também buscamos fomentar o diálogo entre produtores, indústrias e o mercado, promovendo um ambiente de colaboração que resulte em avanços para todos.
SN: Qual é a importância da união da cadeia do trigo paulista e como você avalia o trabalho do Sindustrigo para este propósito?
MP: A união da cadeia é fundamental para que possamos enfrentar os desafios de forma coletiva e eficaz. O Sindustrigo desempenha um papel essencial nesse processo, promovendo eventos, discussões e iniciativas que aproximam os diferentes atores do setor. Essa integração permite identificar oportunidades, superar entraves e construir soluções conjuntas, algo imprescindível para o desenvolvimento sustentável do setor.
SN: Em meio aos desafios atuais, qual a mensagem que você gostaria de passar assumindo a presidência do Sindustrigo?
MP: Minha mensagem é de compromisso e otimismo. O Sindustrigo tem mais de 80 anos de história defendendo os interesses do setor moageiro, e minha missão será continuar esse legado com responsabilidade e inovação. Quero reforçar que estamos juntos, buscando soluções para os desafios e criando condições para que o setor cresça de forma sustentável.