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Com preço em queda no mercado internacional, moinhos aguardam safra

Os preços em queda do trigo nas bolsas internacionais deixaram o mercado interno ainda mais esvaziado nesta semana. Mesmo com o dólar mais forte, a importação, necessária para compor a mistura para a farinha, deve ser feita a partir de agora em outros patamares, e a indústria espera novas sinalizações. Ao mesmo tempo, a colheita da safra brasileira evolui bem. A falta de demanda, no entanto, deixa o mercado sem indicação de preço. De acordo com corretores, por enquanto moinhos apenas coletam amostras do grão para análise.

A notícia da semana, da venda do Moinho Pacífico para a Bunge, anunciada ontem (27), gerou uma expectativa no mercado paranaense de maior interesse pelo produto do Estado. "O Pacífico quase não comprava trigo do Paraná, mas a Bunge tem outra abordagem. Já comprava trigo nacional para o Moinho Santista e deve comprar mais agora", disse um corretor.

A pressão sobre as cotações do cereal vem sobretudo da atuação do Egito no mercado. Importante importador, o país está comprando volumes menores em leilão, o que o mercado vê como tentativa de pressionar ainda mais as cotações. Os valores pagos pelo Egito já são menores. "Além disso, tem a valorização do dólar, que influencia a demanda em vários países. Desde junho a queda no trigo é de pelo menos US$ 20 a tonelada", diz Walter Von Muhlen Filho, da corretora Serra Morena.

Na Bolsa de Chicago, onde são negociados os contratos de trigo soft, a desvalorização do contrato para dezembro supera 7% em 30 dias. Na de Kansas, o trigo hard (pão) perdeu mais de 8% no período.

Enquanto isso, a colheita da safra brasileira ganha ritmo e os primeiros lotes com volume devem chegar ao mercado nas próximas semanas. O Paraná tem 5% da área colhida, com perspectiva de produzir 3,934 milhões de toneladas, ou 3% mais que em 2014. Em São Paulo os trabalhos também estão acelerados e a avaliação é de que a produção deste ano, estimada em 270 mil toneladas, tem qualidade industrial e demanda assegurada. "O trigo está perto da indústria, o custo do frete é menor (em relação ao produto do Paraná, por exemplo) e não há ICMS na operação", destaca Christian Saigh, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo).

Segundo Saigh, vice-presidente do Moinho Santa Clara, a produção paulista tem atendido as especificidades da moagem. "O produtor paulista está plantando as variedades certas e, com demanda, o Estado se encaminha para ser o terceiro maior produtor nacional", diz. Competitividade não será problema, afirma, já que a indústria processadora de trigo está concentrada em São Paulo, o que dá à safra local uma "reserva de mercado".

O executivo acredita que a safra paulista terá liquidez mesmo com os dados de queda no processamento de trigo, que, segundo ele, entre janeiro e julho recuou 12% na média do País e 8% em São Paulo. "Nunca vi uma redução tão grande em um curto espaço de tempo para um produto básico", diz sobre o consumo enfraquecido. Ainda assim, destaca o fato de que a produção esperada é de 270 mil toneladas para uma moagem no Estado de 160 mil toneladas/mês. "Se o moinho usar metade de trigo nacional e metade de importado em três meses toda a safra paulista estará vendida." Mas enfatiza a necessidade de o produto ter qualidade. Sobre a falta de liquidez do mercado no atual momento, diz que se justifica pela incerteza ainda sobre o trigo a ser colhido, em referência ao risco de chuva no período de colheita, e à preocupação da indústria em não alongar estoques. "A comercialização pode demorar um pouco, mas precisaremos do produto nacional para reduzir custos que subiram muito, como o de energia. É um alento poder contar com o trigo brasileiro."

Fonte: Agência Estado


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